O Bloco de Esquerda de Almodôvar
não podia deixar de se associar às comemorações do Dia da Liberdade, aceitando
o convite que tão amavelmente lhe foi dirigido.
Esta iniciativa assume uma
importância extremamente grande quando, passados que são 28 anos sobre esta
data histórica, forças de direita se movimentam no sentido de eliminar os
feriados relativos ao 25 de Abril e 1º de Maio. Apagar estas bandeiras
significa fazer cair no esquecimento a luta de um povo pela liberdade e a luta
dos trabalhadores por melhores condições de vida. Provavelmente, a seguir
pedir-se-á o retorno da censura prévia, depois o fim da liberdade de expressão
e de associação. Mais tarde, a extinção dos partidos políticos...
Falar do 25 de Abril em 2002
pressupõe uma análise séria do que se ganhou com a revolução e não só exaltar
os militares e todos aqueles que deram a sua vida e a sua saúde no combate
contra o regime autoritário de direita que reinou em Portugal mais de 4
décadas. É bom que não se esqueçam esse combatentes e daqui os saudamos.
O exercício da liberdade que tão
custosamente conquistámos implica responsabilidade. Responsabilidade que parece
estar arredada da res publica. Nestes
28 anos assistimos aos maiores atropelos da legalidade da parte daqueles que
maiores exemplos dela deveriam dar: deputados da Assembleia da República que
viajaram ficticiamente e que ficaram impunes por prescrição dos processos;
ministros envolvidos em escândalos como foi o caso da importação de plasma
infectado com o HIV e que ficaram impunes; governos que tentam esconder a sua
má gestão ou a sua inoperância com o estafado argumento de que os anteriores é
que geriram mal.
Com 28 anos a Democracia não é já
propriamente uma criança. É mais do que altura de passar das promessas vãs aos
actos. É necessário e urgente que a sociedade exija que o seu património
cultural e económico seja gerido de uma forma transparente e que se assaquem
responsabilidades criminais àqueles que, ou por ignorância ou por má fé,
delapidam o que é de todos nós.
As cidadãs e os cidadãos eleitos
para os vários órgãos do estado, da Presidência da República à Assembleia de
Freguesia, são representantes do povo que os elegeu e dele devem fazer eco nas
instâncias em que têm assento. Infelizmente sabemos que isso não corresponde à
realidade, fazendo do lugar que ocupam um púlpito para afirmação pessoal ou
para guerrilhas de ocasião que em nada contribuem para o progresso do nosso
país, da nossa região ou do nosso concelho.
O Bloco de Esquerda de Almodôvar
propôs a esta Assembleia que se altere o seu regimento no sentido de que o
público eleitor possa usar da palavra antes da Ordem do Dia e não no final da
sessão como está consagrado. Em nome do 25 de Abril e de tudo o que lhe está
associado apelamos para que todos os membros desta Assembleia tenham a coragem
de perfilhar esta nossa proposta, tornando este órgão mais vivo e mais próximo
daqueles que representa. Lutemos todos pela dignificação da Assembleia
Municipal, exijamos legislação adequada no sentido de aumentar o seu carácter
interventivo e fiscalizador e está nas nossas mãos mostrar que sabemos
trabalhar unidos em prol do desenvolvimento do nosso concelho, trabalhando em
conjunto no sentido de solucionar com celeridade as muitas carências que por
todo o lado se fazem sentir.
Apesar de não ter assento na
Assembleia Municipal, o Bloco de Esquerda continuará a seguir atentamente as
propostas e realizações do executivo camarário e os trabalhos desta Assembleia
e estará sempre disponível para colaborar no sentido do progresso do nosso
concelho quando para tal solicitado e lhe sejam fornecidos os elementos
necessários para, com tempo, apresentar propostas realistas.
Viva o 25 de Abril
Viva Almodôvar
Viva Portugal