sexta-feira, 10 de outubro de 2003

INFORMAÇÃO À POPULAÇÃO - Assembleia Municipal



VAMOS A VOTOS [?]

O Bloco de Esquerda, quando se apresentou aos eleitores, defendeu e continua a lutar pela dignificação da Assembleia Municipal.

É lamentável que os partidos nela representados não partilhem, na prática, desta nossa opinião.

Não estamos a criticar só por criticar! Nas duas últimas Assembleias os partidos com assento revelaram claramente que os graves problemas de que enferma o nosso concelho não lhes dizem absolutamente nada. Assiste-se a uma guerra desenfreada pelo poder, através da discussão interminável de assuntos políticos, alguns deles mesmo do foro partidário, que seriam ultrapassados em breves minutos.

Não dizemos que devem ser branqueadas as irregularidades cometidas, mas tão só que elas ocupem o tempo de debate que essas questões merecem e que não se transforme um órgão autárquico num lavadouro público.

A título de exemplo podemos referir que um membro da Assembleia, depois de ter falado durante vinte (20) minutos, resumiu o que tinha dito em dois (2) segundos!

O que muitos dos eleitores não sabem é que por cada sessão os membros da Assembleia recebem uma senha de presença no valor de cerca de 55 euros (onze contos!!!); o seu presidente ainda recebe mais; e os vereadores sem pelouro recebem importância igual à dos membros da Assembleia.

Em números redondos, as duas últimas sessões da Assembleia Municipal custaram já aos cofres municipais (leia-se "bolsos dos cidadãos") uma quantia aproximada de 2.500 euros (500 contos) e pelos vistos ainda a "procissão vai no adro"...

A dada altura da sessão, o Presidente da Mesa da Assembleia disse, alto e bom som, que o parecer jurídico que tinha acabado de ser lido tinha sido pago pelo mesmo que tinha pago a campanha eleitoral daqueles que estavam ali sentados (julgamos nós que só se referia aos seus correlegionários do PSD...). A actual mistura de interesses é tanta que é difícil saber quem está do lado de quem!!!

O Bloco de Esquerda pensa que a crise que se instalou no poder autárquico já dura há demasiado tempo. Chegou o momento de dizer basta. Se os membros da Assembleia não se demitirem, é necessário que a população manifeste o seu desagrado e exija eleições antecipadas para a Assembleia Municipal e Câmara de Almodôvar.



O futuro do nosso concelho, das nossas vidas, das vidas dos nossos filhos, não pode estar nas mãos destes senhores que só vêem o seu interesse pessoal quando deviam, acima de tudo, zelar pelos interesses colectivos.


Almodôvar, 10 de Outubro de 2003

domingo, 15 de junho de 2003

INFORMAÇÃO À POPULAÇÃO - Assembleia Municipal





COZINHADO ALMODOVARENSE

No passado dia 5 de Junho, os almodovarenses presentes na sessão extraordinária da Assembleia Municipal tiveram uma verdadeira lição de culinária. Cozinhou-se uma nova camuflagem da referida assembleia.

Em nome de uma pretensa democracia demitiu-se um presidente (da Assembleia Municipal), auto-afastaram-se os secretários da mesa e abandonaram a sala os membros apoiantes (?) do extinto presidente.

Isto passa-se porque alguns elementos do PSD não conseguiram os tachos de que estavam à espera. Assim, o PS decidiu, a bem do povo de Almodôvar, dar cobertura às pretensões desses senhores, aliando-se a eles. Estranho é as duas pessoas mais mediáticas no assunto terem tido desavenças políticas e pessoais até há bem pouco tempo.

Não podemos, contudo, deixar de referir um outro cozinhado feito há muito mais tempo! A apelidada lista da mudança! Primeiro com a sigla MDP e mais tarde com a sigla PSD. As pessoas que dinamizaram este prato não eram nem são ingénuas. Sabiam perfeitamente que este cozinhado iria, muito cedo, cheirar o esturro. O cheiro chegou finalmente ao nariz de todos.

O Bloco de Esquerda tem vindo, de tempos a tempos, a alertar a população de Almodôvar para a necessidade de dar credibilidade aos eleitos para as autarquias locais, e mais especificamente para o órgão autárquico denominado de Assembleia Municipal. Se até ao presente a Assembleia Municipal merecia pouco crédito da parte dos eleitores, e quase nenhum por parte da legislação, agora atingiu o máximo de descrédito.

Voltamos a chamar a atenção das pessoas de que a política não é, nem deverá ser, um acto gratuito em defesa de interesses pessoais, mas sim uma forma de se arranjar um melhor entendimento, com opiniões diferentes, para atingir um fim. Este não é o aproveitamento para cargos políticos mais compensadores ou promoção social, mas o bem-estar das populações do concelho.

Estas pessoas que têm andado a brincar com os destinos da nossa autarquia merecem o desprezo dos eleitores. Estas pessoas que se auto-intitulam de deputados merecem o voto negativo da população.

Se ainda existe qualquer pingo de vergonha na consciência de alguns membros da Assembleia Municipal, a esses a quem pesa no seu íntimo o estarem a ser coniventes com actos pouco dignos, o Bloco de Esquerda exorta-os a abandonarem os seus cargos. Não estão a cumprir com os seus deveres e estão a contribuir para o alheamento das pessoas em relação aos problemas que o nosso concelho atravessa há décadas. Estão a dar voz àqueles que ainda defendem o estilo de regime opressor de antes 25 de Abril.

Na conjuntura actual, e a menter-se o pacto de direita, o executivo camarário está de mãos e pernas atados. Ou se submete às exigências da nova coligação ou se demite.

Para o Bloco de esquerda só há um caminho a seguir: a demissão.

A população de Almodôvar não merece isto. Precisa de gente que queira trabalhar em prol do desenvolvimento.

Os partidos devem fazer um exame de consciência e apresentar candidatos que pela sua competência, honestidade e vontade de construir um futuro melhor transportem o nosso concelho para as primeiras páginas da comunicação social como um exemplo a seguir por outros autarcas a nível do país e não como o lugar que serve de fonte de inspiração para as tantas e tantas anedotas que por aí circulam.

sexta-feira, 25 de abril de 2003

DISCURSO DE 25 DE ABRIL (2003)

Minhas senhoras e meus senhores

O Bloco de Esquerda agradece, na pessoa do senhor Presidente da Assembleia Municipal, o convite que lhe foi dirigido para estar presente nesta Sessão Solene comemorativa dos vinte e nove anos da Revolução de Abril e agradece, também, a faculdade conferida de tecer alguns comentários relativamente a esta efeméride.

Passados vinte e nove anos pouco resta, infelizmente, do sonho de uma sociedade mais igualitária. Restam-nos, no entanto, os cravos (quiçá importados), a liberdade de podermos publicamente exprimir os nossos pensamentos e a vontade e a força para lutarmos para que os ideais de Abril venham um dia a tornar-se realidade.

Faz hoje um ano que demos voz a todos aqueles que, mais ou menos silenciosamente, vão sofrendo com as injustiças da justiça do nosso país e é com pesar que constatamos que situações idênticas àquelas que denunciámos ainda proliferam: um governante com contas na Suiça não declaradas ao fisco; a venda de terrenos a empresas de amigos dos governantes a preços muito abaixo do seu valor real; envolvimento cada vez mais notório de um ministro em negócios pouco claros com uma Cooperativa de Ensino; a avalanche de falências fraudulentas de empresas que têm levado ao desespero milhares de lares; e o escândalo do abuso sexual de menores, conhecido há muitos anos dos responsáveis, mas como afectava e afecta os mais desfavorecidos da nossa sociedade foi durante muito tempo, e por sucessivos governos, silenciado.

Aqui deixamos o nosso louvor e a nossa solidariedade para com todos aqueles que têm tido a coragem de trazer a público essas situações sórdidas e apelamos ao Estado para as apoiar com todos os meios financeiros, legais e psicológicos para que se possa desmantelar essa hedionda rede e condenar os que nela, até agora impunemente, têm estado envolvidos.

Há bem pouco tempo, Portugal viu-se envolvido num conflito internacional, através do comprometimento político do seu Primeiro-Ministro. Uma guerra declarada unilateralmente pelos Estados Unidos da América, com o beneplácito do Reino Unido, e contra a maioria dos países representados no Conselho de Segurança das Nações Unidas. As razões apontadas prendiam-se com a existência de armas de destruição massiva. Não foi encontrado esse tipo de armas! O responsável da comissão de inspectores das Nações Unidas já veio a público dizer que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha se basearam em documentos forjados para desencadear a guerra. E perguntamos nós: quem poderá ter forjado esses documentos senão os governos desses próprios países? Qual a reacção política do nosso Primeiro-Ministro perante tal informação? E que é feito das outras potências que discordavam da guerra?

Ainda não há muito tempo foi formado o Tribunal Internacional com vista a julgar crimes contra a humanidade. Qual foi a posição do governo americano? Tribunal sim, mas os americanos serão julgados no seu próprio país. George Orwell retratou bem esta situação no seu livro intitulado "O Triunfo dos Porcos", no qual a dado passo a constituição foi alterada passando a ter um único artigo: "Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros."

Esperamos que, brevemente, Bush, Blair e todos os governantes que explicitamente apoiaram a guerra pelo controlo das jazidas de petróleo venham a ser indiciados pelo Tribunal Internacional por crimes contra a Humanidade. Só assim o mundo voltará a dar crédito à ONU.

A democracia não é fácil. De um modo simplista podemos defini-la como o respeito pelos outros e pelas suas ideias. Praticá--la não é um acto teórico, manifesto de boas intenções, mas sim uma prática diária. Infelizmente a nossa democracia tem sido construída com base no fanatismo, fazendo lembrar as palavras de um político de má memória que dizia: "Quem não é por mim é contra mim."

Ainda não tentamos entender as razões da proposta do nosso adversário político. Se a ideia parte dele, então não presta. Este radicalismo absurdo, a par da mediocridade de muitos dos que têm dirigido os nossos destinos aos mais diversos níveis, atirou Portugal e o nosso povo para a cauda da Europa. Somos os melhores no que de mais negativo existe.

A nível local, lamentamos profundamente que as tricas políticas entre os dois maiores partidos tenha conduzido a uma posição extremada por parte do senhor Presidente da Câmara. A não realização de protocolos com as Juntas de Freguesia lideradas pela oposição não será benéfica para ninguém. Estranho é, igualmente, que a nossa proposta de introdução de um ponto prévio à Ordem de Trabalhos para intervenção do público nas Sessões da Assembleia Municipal não se tenha concretizado. Será que a Assembleia receia a voz do povo que a elegeu?

O exercício do poder pelo poder não glorifica quem o pratica. A capacidade de diálogo e entendimento sim, traz progresso e harmonia.

Quando os cidadãos aceitam candidatar-se a determinados cargos públicos têm de ter no seu espírito que irão ser eleitos para servir os outros e não para se servirem a eles próprios.

Fazemos votos para que daqui a um ano, nesta tribuna ou fora dela, não seja necessário proferir palavras tão duras e sim congratularmo-nos por uma boa qualidade de vida, que tarda a chegar.

E mais não disse.

Viva o 25 de Abril!

Viva Almodôvar!

Viva Portugal!