Esta foi a pergunta do Bloco de Esquerda, feita no Comunicado à população em Março de 2012. Nele, discriminaram-se os serviços encerrados, como o Serviço de Urgência do Centro de Saúde de Almodôvar, os que soavam estar para fechar, como o Tribunal, e ainda aqueles como as Finanças, os Correios e a Segurança Social que tinham elevado potencial para vir a desaparecer na razia da Austeridade defendida pelos PS, PSD e CDS. Tudo isto a par da anunciada extinção das freguesias de Gomes Aires e de Graça de Padrões.
Lamentavelmente, o Bloco de
Esquerda, assim como os munícipes de Almodôvar, viu concretizar, através da
agregação das freguesias de Gomes-Aires e Senhora da Graça de Padrões com Santa
Clara-A-Nova e Almodôvar, respetivamente, a extinção forçada de freguesias.
Vê a progressiva deslocalização
de serviços, em favor das muito duvidosas opções mais económicas, como é o caso
do moribundo Centro de Saúde de Almodôvar. É o caso, também, do Serviço de
Finanças (que na presente data mantém adiada a data de encerramento) e também
do Tribunal de Almodôvar, que a manter-se na presente localização, acabará
fechado no final do ano.
Mas a voragem capitalista e
neoliberal não fica por aqui e estende-se também à educação, sendo o contínuo
encerramento de escolas, a sua parte mais visível.
Depois da primeira vaga de
encerramentos de Escolas Básicas de 1º Ciclo em Semblana, Gomes-aires, é agora a vez de dar fecho às de Telhada e de Santa Clara-A-Nova
que, curiosamente, já vinham sendo listadas para fechar juntamente com as
escolas da vaga de Agosto de 2010.
Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência na
atual legislatura PSD/CDS, é talvez o ministro recordista de velocidade no
encerramento de escolas. Pouco mais de um mês depois de ser empossado, deu
ordem para fechar 239 escolas e no ano seguinte (o 2º ano de mandato)
ultrapassou as 500 ao assinar o encerramento de mais outras 297.
Depois do interregno do ano
lectivo 2012-2013, Nuno Crato, para igualar ou ultrapassar os mais de 700
encerramentos da antecedente ministra da educação do governo PS, Isabel Alçada,
prepara-se agora para dar aval ao encerramento de novo lote de escolas básicas
do 1º ciclo que rondará os 200 e no qual se incluem as Escolas Básicas do 1º
Ciclo da Telhada e de Santa Clara-A-Nova.
É por isso que o B.E. não
estranha as posições “indefinidas” dos nossos governantes e representantes
municipais. Se por um lado o PS local levanta punho em protesto contra o
encerramento de escolas, por outro, tem o rabo preso porque enquanto foi
governo deu curso ao programa de encerramento de escolas, de David Justino,
iniciada no governo PSD/PP de Durão Barroso e Paulo Portas. Outros ainda, agora
autodenominados Independentes, porque também agiram em conluio quando estavam
“dependentes” das siglas PSD, mantêm-se dissimuladamente sem opinião e aguardam
que o momento político se lhes volte de feição, talvez prevendo novos
encerramentos de escolas e de serviços até novas eleições autárquicas.
O Que o Bloco de Esquerda
estranha é a unanimidade das forças políticas que dirigem os destinos do nosso
concelho em fazer retirar da ordem de trabalhos da reunião ordinária de 21 de
Maio da Câmara Municipal, uma Moção que publicamente repudiaria a decisão do
encerramento dos estabelecimentos de ensino da Telhada e Santa Clara, com
“medo” de que esta pudesse inviabilizar as conversações com o Ministério da
Educação, conforme se pode concluir na leitura da Ata n.º 13/2014, sendo que este
organismo, na pessoa do Sr. Ministro Nuno Crato, assumiu publicamente
disponibilidade para negociar com os municípios apenas no sentindo das suas
propostas virem a considerar fechar escolas com mais de 21 alunos.
São estas as negociações com o
Ministério da Educação e Ciência que a Câmara de Almodôvar espera concluir?
O Bloco
de Esquerda entende que apenas e só, através do uso pleno do direito de
cidadania dos seus munícipes, é que Almodôvar poderá aspirar a desenvolver-se.
O direito de cidadania, expressa-se para além dos boletins de voto. É expresso,
também, na capacidade que o cidadão tem de interagir socialmente. Afastar os
cidadãos, cada vez mais, dos pilares que sustentam os princípios de cidadania,
como sejam a Saúde, a Educação, a Justiça, diminuirá a sua capacidade para
exercer esse direito.