quinta-feira, 19 de maio de 2016

Catarina Eufémia, 19 de Maio de 1954-2016 (62 anos do seu assassinato)




No dia 19 de maio de 1954, morreu Catarina Efigénia Sabino Eufémia, quando protestava contra a miséria, assassinada a tiro por um tenente da GNR. Catarina Eufémia é um ícone da resistência contra o salazarismo.





Filha de camponeses sem terra, Catarina Eufémia nasceu, no 13 de fevereiro de 1928, em Baleizão. Os pais trabalhavam num latifúndio e Catarina trabalhava em casa. Nem sequer teve tempo para ir à escola.
Catarina Eufémia começou a trabalhar nos latifúndios, durante a adolescência, e aprendeu tudo sobre o trabalhos no campo, da sementeira à ceifa. Aos 17 anos, casou-se com António Joaquim, um operário da CUF e foi viver para o Barreiro.
Mais tarde, António Joaquim foi dispensado da CUF e o casal regressou a Baleizão. António Joaquim conseguiu emprego de cantoneiro, em Quintos. Mas o seu salário não chegava para sustentar a família e Catarina voltou a trabalhar nos latifúndios.
No dia 19 de maio de 1954, Catarina Eufémia liderou um grupo de 14 ceifeiras que exigiam o aumento de mais dois escudos por jorna diária. Na herdade do Olival, o grupo foi cercado por soldados da GNR e o tenente Carrajola matou Catarina.
Durante o funeral, a GNR dispersou à bastonada a multidão que protestava contra a sua morte. No tumulto, nove camponeses foram presos. Depois foram julgados e condenados a dois anos de prisão.
Para evitar romarias subversivas, por ordem da GNR, o corpo de Catarina não foi sepultado em Baleizão, mas em Quintos. Em 1974, depois da Revolução dos Cravos, os restos mortais de Catarina foram transladados de Quintos para Baleizão.
Nota: o tenente Carrajola não foi a tribunal, nem sequer foi castigado. Foi apenas transferido de Baleizão para Aljustrel, onde morreu, em 1964 (de morte natural).
Sophia de Mello Breyner, Carlos Aboim Inglez, Eduardo Valente da Fonseca, Francisco Miguel Duarte, José Carlos Ary dos Santos, entre outros/as, dedicaram-lhe poemas. Em sua homenagem, o poeta Vicente Campinas escreveu "Cantar Alentejano", musicado e cantado por Zeca Afonso.





CANTAR ALENTEJANO



Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer



Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então
brotou



Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou



Aquela pomba tão branca
Todos a querem p’ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti



Aquela andorinha negra
Bate as asas p’ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

(Vicente Campinas)


domingo, 1 de maio de 2016

Dia 1 de Maio de 2016 - Dia do Trabalhador



1886 - 2016 – Cento e trinta anos depois e a luta tem de continuar!




Depois de quase século e meio os direitos dos trabalhadores continuam a ser, sistematicamente, atacados como se o trabalho por eles prestado devesse ser um dever sem compensação!

A precariedade no trabalho avança a um ritmo assustador, seja através de salários baixos, horário de trabalho, recibos verdes, horas extraordinárias, pressões, intimidações, etc. - as empresas pedem cada vez mais ao trabalhador e dão cada vez menos... E o contrato coletivo de trabalho é um documento para ficar na gaveta, esquecido, de modo a que não incomode.

O trabalho prestado tem uma remuneração, tem um conjunto de obrigações sociais e económicas que, quando não são cumpridas lesam o trabalhador, no presente e no futuro mas, também, o país: uns engordam, outros emagrecem, a corrupção instala-se e todos perdemos!

Este é o país que temos mas não é o país que queremos - queremos um país onde seja reconhecido o direito ao trabalho, os direitos do trabalho e que o trabalho e o trabalhador sejam reconhecidos como uma mais-valia, como impulsionadores económicos e sociais pois essa é a base do desenvolvimento.

No dia 1 de maio de 1886 meio milhão de trabalhadores saíram às ruas de Chicago, nos EUA, para exigir a redução do horário de trabalho para 8 horas diárias. A manifestação foi atacada pela polícia e 10 trabalhadores morreram. O resto do país estava em greve geral com a mesma exigência.

Desde então celebra-se o Dia do Trabalhador.

Desde esse dia que quem trabalha sabe que só juntos/as podemos mudar o mundo.