O dia de Camões surge como forma de glorificar o Poeta e a língua portuguesa. De feriado municipal passou a nacional, de dia da raça passou a comunidades portuguesas, da exaltação da guerra e do poder colonial passou a Portugal. Em 1978 converte-se em Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
O que motiva a comemoração deste dia continua a ser o de realçar a importância de uma identidade cultural - a língua, a cultura, o património, o saber comprovado no tempo, feito de história e histórias!
Um povo é sempre a testemunha viva dessa mesma identidade cultural: dar relevo e preservar os aspetos que construíram a comunidade, e que são a base para a sua continuidade sustentável , é o legado estruturante de um futuro!
A identidade cultural afirma-se na expressão de um povo, seja através da escrita, seja da oralidade, dos usos e costumes - se a escrita do sudoeste ainda não foi descodificada, a oralidade é a prova da continuidade do saber, a transmissão de uma forma de ser - e Almodôvar tem as duas - uma pronúncia própria da realidade, do ver, do sentir, estar - do ser!
A expressão oral do quotidiano, essa comunicação que"não és mais do que as outras, mas és nossa e crescemos em ti. (...)"como diz Vasco Graça Moura, é um dos aspetos de uma identidade cultural que deve ser preservada como memória coletiva:
“Passar além da vida
Na obra vivida
Ainda é viver
O artista não morre
Na morte da vida
Criar é sobreviver.”
- versos de Severo Portela que, tão apaixonadamente, olhou para esta terra e para as suas gentes e imortalizou-as através da pintura.