sábado, 30 de dezembro de 2017

Cristina Ferreira - Crónicas ( V )



CAIXA ALTA V







Natal


Essa época festiva a que ninguém é indiferente.

Independentemente das nossas crenças esta é uma altura em que se apela à reunião da família e amigos, à mesa farta e doce, bem regada com um bom vinho e uma mão cheia de afetos e emoções.

As prendas junto à árvore, a curiosidade de ver para além do papel do embrulho, o desejo de tirar o laço, a alegria das crianças e adultos fazem desta época um momento especial e único.

As iluminações de Natal que transformam os lugares, os almoços e jantares de Natal, a compra das prendas, o corre-corre das compras de última hora imprimem dinâmicas que noutras alturas do ano seriam difíceis de suportar.

A lareira, com o fogo a crepitar, cria aquele ambiente familiar que ajuda a retemperar energias e emoções, como se o calor do fogo fosse o calor dos afetos, como se nos levasse à infância e avivasse memórias de um tempo em que a única preocupação era ser criança, fazer tropelias e esperar que não tivessem consequências; a casa cheia de cheiros - das rabanadas, dos sonhos, das filhoses, das azevias - e cheia de conversas que esperaram todo o ano para agora serem ditas e ouvidas, afinal estavam à espera desta reunião familiar.

O Natal não é assim para todos - os encontros e desencontros provocam tantas disparidades, e as políticas sociais não foram ainda capazes de os erradicar: tantas crianças, homens e mulheres por esse mundo fora que passam este dia, e o seu dia a dia, em condições de risco - guerra, fome, campos de refugiados ou em completo abandono.

Afinal o Natal não é para todos...

Mas, como diz José Jorge Letria, que todas as crianças venham, pé ante pé, em busca da pequena porta que dá acesso aos mistérios da noite de Natal, pois ela é a mais terna e, por isso, guardada com ternura e sorrisos.


Feliz Natal, Boas Festas


22/12/2017

Cristina Ferreira

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