sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Cristina Ferreira - Crónicas ( XII )










Monoculturas: não obrigado!





No próximo domingo, dia 18 de fevereiro, o Bloco de Esquerda vai realizar uma sessão pública sobre um tema muito atual “Monoculturas e o deserto aqui tão perto”.

Esta sessão contará com a presença de Catarina Martins,coordenadora e porta-voz do BE, Cláudio Torres, Arqueólogo, Maria Manuel Rola, deputada da área do ambiente e a Profª Maria José Roxo, especialista neste assunto.

A sessão decorrerá na Vemos, Ouvimos e Lemos, em Serpa, pelas 15h.

Este é um debate que é necessário fazer de modo a denunciar as práticas nocivas para o ambiente, agricultura, património e social.



O plantio de diversas monoculturas de olival, amendoal, vinha, eucaliptos e pinheiros no Alentejo tem sido intensiva e leva a diversas queixas na justiça.

Um dos efeitos nefastos desta prática prende-se com a destruição do património arqueológico, como é o caso de da empresa de capitais espanhóis - De Prado- que entre abril e agosto de 2017 destruiu uma área de cerca de três mil hectares para plantar amendoal.

Esta prática agressiva arrasou com sítios arqueológicos que estavam identificados como sendo de diversos períodos da nossa história, nomeadamente romanos.

O recurso a maquinaria pesada para as operações de movimentação de terra destruíram, por exemplo,uma ponte, um aqueduto e uma villa da época romana.

Apesar dos proprietários terem sido notificados pela Direção Regional da Cultura do Alentejo, os trabalhos continuaram.

Foi apresentada uma queixa-crime no Ministério Público e decorrem investigações sobre o caso.

O problema persiste, bem como a inércia para a sua resolução - no futuro o que teremos é uma zona desprovida de história, os únicos testemunhos são os que encontraremos nos museus ou exposições.

A nível ambiental e agrícola as monoculturas apresentam saldo negativo.

Segundo a QUERCUS provoca a destruição da fauna e da flora, permite o uso massivo de químicos, o consumo excessivo de água e a degradação do solo. A juntar a estes fatores temos o fator crítico na propagação de grandes incêndios como, por exemplo, na plantação de pinheiros.

A nível social, e visto que as monoculturas estão expostas à variação dos mercados, quando não são rentáveis levam ao êxodo populacional e miséria das áreas afetadas. A este problema junta-se, também, o recurso a mão-de obra intensiva, ou seja imigrantes, que no Alentejo são mais de 90%.

Segundo Alberto Matos, da Associação Solidariedade Imigrante - Solim - estes trabalhadores são alvo de exploração de mão-de-obra ilegal, que se encontram em situação irregular sendo alvos fáceis para os patrões e abrindo campo a todos os fenómenos de exploração e a redes de tráfico de mão-de-obra ilegal.

Por exemplo, a campanha de azeitona no olival intensivo e superintensivo mobilizaram cerca de 10 mil trabalhadores, na sua esmagadora maioria imigrantes, desesperados para legalizar a sua situação em Portugal pois, só assim, muitos deles se conseguem libertar das redes de tráfico de mão-de-obra.

E o retorno económico para a região? Se não cria empregos, se não desenvolve económica e socialmente a região, Claro que não há retorno económico!

Uma realidade preocupante no presente: um Alentejo explorado até ao limite e o deserto aqui tão perto!


Bom fim de semana.


16/02/2017

Cristina Ferreira

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