sexta-feira, 25 de maio de 2018

Cristina Ferreira - Crónica ( XXIV )












O artigo publicado no Esquerda.net, a 21 de maio de 2018 dá-nos conta da decisão da Autoridade para as Condições do Trabalho: confirma-se a violação do direito à greve dos trabalhadores por parte da empresa mineira Somincor. 

A Inspetora Geral da Autoridade para as Condições do Trabalho disse aos deputados que as duas ações inspetivas na Somincor deram origem a participações para o Ministério Público.

Ouvida na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social na passada quinta-feira, dia 17, Luísa Guimarães confirmou as duas ações inspetivas por parte da Autoridade para as Condições do Trabalho, em dezembro de 2017 e março de 2018. 



As inspeções da ACT surgiram após denúncias por parte dos trabalhadores de assédio moral por parte a administração na sequência das greves realizadas nos últimos meses, com o afastamento de alguns grevistas dos cargos de responsabilidade que desempenhavam nas lavarias das minas de Neves-Corvo.

Dessas ações inspetivas resultaram procedimentos contraordenacionais e a participação ao Ministério Público por indícios de violação do direito à greve por parte da empresa.

“Estamos atentos e continuamos a acompanhar a situação na Somincor”, afirmou a inspetora-geral, adiantando estarem em causa outras irregularidades como as alterações nos horários de trabalho e mudança [compulsiva – ed.] de funções de trabalhadores com consequente perda de remuneração, a interdição de acesso ao local de trabalho ou incumprimento no pagamento do subsídio de Natal.

Espero que os trabalhadores tenham percebido a força que têm quando estão unidos e a Somincor que tenha percebido que a injustiça e repressão não se podem mascarar com operações de marketing e sessões de esclarecimento.

(mais informações disponíveis em fonte: Esquerda.net)




Cristina Ferreira
25-05-2018

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Cristina Ferreira - Crónica ( XXIII )












O Bloco de Esquerda não compactua com o CRIME AMBIENTAL DE FORTES o que motiva a visita da sua Coordenadora, Catarina Martins, e da deputada Maria Manuel Rola, da Comissão Parlamentar de Ambiente, hoje, sexta-feira, 18 de Maio, pelas 17h30. 

Não chegava já a praga da MONOCULTURA DO OLIVAL SUPERINTENSIVO, que tem o expoente máximo no concelho de Ferreira do Alentejo, com a erosão dos solos e a contaminação das linhas de água, esta fábrica de bagaço de azeite é um foco inadmissível de poluição a céu aberto, a poucas centenas de metros da povoação de Fortes e da A2. O cheiro desta fábrica também é sentido em Aljustrel e Castro Verde. 




A fábrica pertence à Azeites de Portugal, SA – com sede em Santa Maria da Feira. Por sua vez, estes azeiteiros lusos são a testa-de-ferro do grupo MIGASA – Miguel Gallego, SA, com sede em Sevilha e que se autointitula líder mundial do azeite. 

Como muitas outras SA espanholas que dominam o ramo da olivicultura super intensiva e os negócios do azeite, comportam-se no Alentejo como se estivessem em terra conquistada, usando e abusando de más práticas agrícolas e ambientais. O grupo MIGASA proclama a sua responsabilidade social e preocupações ambientais (a que já são obrigados) em Espanha, mas usam Portugal como o pátio das traseiras, perante a incompreensível passividade dos Ministérios do Ambiente e da Agricultura. 
Esta fábrica é a ponta do iceberg, os olivais são os alicerces de uma produção desenfreada, um saque aos recursos naturais e ambientais do Alentejo. 

Se dia 18 temos a coordenadora Catarina Martins, no dia 19, o Bloco de Esquerda fará a homenagem a Catarina Eufémia, pelas 19 horas no cemitério de Baleizão, e contará com a presença do líder do grupo parlamentar: Pedro Filipe Soares. 

Filha de camponeses sem terra, Catarina Eufémia nasceu a 13 de fevereiro de 1928, em Baleizão. Os pais trabalhavam num latifúndio e Catarina trabalhava em casa. Nem sequer teve tempo para ir à escola.

Catarina Eufémia começou a trabalhar nos latifúndios, durante a adolescência, e aprendeu tudo sobre os trabalhos no campo, da sementeira à ceifa. Aos 17 anos casou-se com António Joaquim (operário da CUF) e foi viver para o Barreiro.

Mais tarde, António Joaquim foi dispensado da CUF e o casal regressou a Baleizão. António Joaquim conseguiu emprego de cantoneiro, em Quintos mas o seu salário não chegava para sustentar a família e Catarina voltou a trabalhar nos latifúndios.

No dia 19 de maio de 1954, Catarina Eufémia liderou um grupo de 14 ceifeiras que exigiam o aumento de mais dois escudos por jorna diária. Na herdade do Olival, o grupo foi cercado por soldados da GNR e o tenente Carrajola matou Catarina.

Durante o funeral, a GNR dispersou à bastonada a multidão que protestava contra a sua morte. No tumulto, nove camponeses foram presos, julgados e condenados a dois anos de prisão.

Para evitar romarias subversivas, por ordem da GNR, o corpo de Catarina não foi sepultado em Baleizão, mas em Quintos. Em 1974, depois da Revolução dos Cravos, os restos mortais de Catarina foram transladados de Quintos para Baleizão.

Uma nota importante: o tenente Carrajola não foi a tribunal, nem sequer foi castigado. Foi apenas transferido de Baleizão para Aljustrel, onde morreu, em 1964, de morte natural.

Vários poetas imortalizaram a sua luta, Zeca Afonso em "Cantar Alentejano" presta-lhe homenagem. 


Cristina Ferreira
18-05-2018

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Cristina Ferreira- Crónica ( XXII )











As redes sociais são, atualmente, um meio de privilegiado de comunicação tanto por parte de privados, como de instituições e empresas. 

A maneira como cada um usa essa ferramenta é da sua inteira responsabilidade e deveria pautar-se por códigos de conduta e princípios de idoneidade. 

O Facebook é uma dessas redes e, provavelmente, uma das que mais utilizadores tem. 

As instituições públicas que utilizam o Facebook para divulgar as suas atividades têm responsabilidade acrescida pois devem ser imparciais, objetivas e abrangentes. 

O concelho de Almodôvar tem uma página no Facebook, que pode ser encontrada pesquisando Município de Almodôvar.  Consultando essa página deveria ser possível visualizar o que se passa no concelho, bem como tomar conhecimento do que se vai passar de modo a programar a participação nos diversos eventos.

Na página do Município de Almodôvar, e percorrendo as publicações do mês de abril, somente a título de exemplo, percebe-se que houve um conjunto de eventos, sendo de destacar o Mercado Medieval, publicação de dois editais, informação sobre o novo horário de funcionamento da Câmara Municipal (texto sem o uso do corretor ortográfico), diretos da volta ao concelho em bicicleta (com direito ao desenho animado Pikachu), sessão solene do 25 de abril - tudo com a chancela do Município de Almodôvar. Até aqui tudo bem! 

O mais estranho é que no meio das diversas publicações a página do município partilha umas quantas publicações do munícipe António Bota, ou seja da sua página pessoal! A agravar esta questão ética, este munícipe é o único que tem direito à partilha das publicações do perfil pessoal do Facebook.  Será por ser, também, presidente da câmara? Favorecimentos ou "só eu que tenho direito"? Seja qual for a resposta o procedimento está errado.

A página do Município de Almodôvar é de todos e, como tal, deveria espelhar o que se passa no concelho e, se tem o contributo direto de um munícipe - António Bota - deveria ter o contributo de todos os almodovarenses. O concelho não é só a vila, o concelho não é eventos, o concelho é gente, vivências, cultura, gastronomia, museus, paisagem, saberes e, principalmente, um todo diverso  que o torna único!

Deixo no ar duas questões: as páginas do Facebook do Museu Severo Portela, Museu da Escrita do Sudoeste e Museu Vicente Guerreiro não mereciam uma atualização? As publicações que lá encontramos ou são antigas ou então são de visitantes! Publicações próprias de cada um dos museus seria o ideal para não se pensar  que eles já estão desativados.

Ou deixámos de querer turistas "culturais", porque tendem a permanecer por pouco tempo, e a não dinamizar o comércio local do nosso concelho? 


04/05/2018
Cristina Ferreira