sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas III (20DEZ2019)



MAIS UM ANO ESTÁ A ACABAR.

Tradicionalmente esta é uma época de boa vontade, de solidariedade, de introspeção e de retrospetiva pelos momentos mais marcantes vividos no ano, e que nos leva a traçar novos objetivos, ou a ajustar metas que tínhamos considerado, mas que, por algum motivo, não se atingiram.

Com maior ou menor grau de precisão, qualquer que seja o credo ou ideologia, de forma intencional ou não, esta é uma regra válida para todos nós, enquanto seres individuais, enquanto seres numa sociedade.

2019 está a poucos dias do fim, mas antes da entrada de 2020, ainda muitas decisões terão de ser tomadas, entre elas o orçamento do governo para o novo ano.

Quão bom seria que Orçamento de Estado 2020 trouxesse “no sapatinho” – para usar um termo natalício, algumas das propostas do Bloco de Esquerda. Por exemplo a descida do IVA da energia, ou a resposta aos trabalhadores por turnos ou, ainda, o fim do fator de sustentabilidade nas reformas antecipadas por desgaste rápido.

Numa época de boa vontade, PS e governo apresentariam uma proposta de orçamento refletindo uma negociação e não como se tivesse maioria absoluta.

Talvez por isso, o Orçamento, na última versão conhecida, é no entender do Bloco de Esquerda, insuficiente para responder às grandes necessidades do país, por exemplo em matéria de investimento nos serviços públicos. É mesmo um travão em matérias como o fim das taxas moderadoras ou o Estatuto dos Cuidadores Informais, aprovadas na última legislatura.

Aliás, este Orçamento, o primeiro desta nova legislatura, fica aquém das propostas do programa eleitoral do próprio PS. Talvez o PS de hoje não soubesse das metas de investimento em habitação, ou das questões salariais inscritas no Programa de Estabilidade do PS em campanha – perdão, do PS em Governo há meio ano atrás.

À custa do desinvestimento nos serviços públicos, na habitação e ao efeito limitado das alterações no IRS o Orçamento proposto prevê um lucro de 500 milhões de euros.

Parece bom, se cumpridas as metas orçamentais, haver um excedente orçamental de 500 milhões de euros.

Mas, pense bem.

São 500 milhões que em vez de serem utilizados para equipar escolas e hospitais, reforçar o transporte ferroviário, reduzir os custos da energia, melhorar as condições de vida dos portugueses, ficam ali, supostamente parados.

Talvez seja um pé de meia para a eventualidade de algum banco ter de ser salvo. Quem sabe?

Numa época de retrospetiva, quão bom seria que este Orçamento aprofundasse as mudanças conseguidas na anterior legislatura.

A todos e a Todas umas Boas Festas e um feliz 2020.



Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira/Filipe Santos, 20/12/2019

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas III (13DEZ2019)




CÁ POR CASA, TUDO BEM


Esta é a opinião de António Gonçalves que hoje partilho com os ouvintes da Rádio Castrense.

Vivemos num país à beira mar plantado, em que todos os ventos correm de feição e não há vozes discordantes.

Toda a gente vive bem, os salários dão para tudo e mais alguma coisa, não há fome, não há desempregados, mal damos pelo pagamento de impostos, os monopólios são nossos amigos e além disso, como sendo a cereja no topo do bolo, querem dar-nos 3 ou 4 euros de aumento em 2020. Por ano! Fantástico.

Obrigado Sr. Primeiro Ministro, obrigado Sr. ministro das finanças, obrigado Sr. Presidente da República (por esta ordem ou não), pela vossa generosidade.

Mas está tudo bem cá por casa.

Não há greves, o povo está satisfeito e pronto para mais uma vez acreditar nas promessas que os partidos que fazem parte do arco de governação, lhe fazem quando se aproximam os atos eleitorais.

E mais uma vez, porque está tudo bem cá por casa, tornam a votar nos que lhe prometem tudo e no fim, nada lhes dão.

A carga fiscal é cada vez mais elevada, os ordenados são cada vez mais pequenos, as reformas, uma ofensa à dignidade de quem descontou uma vida inteira para o estado.
Estado sanguessuga é o termo exato.

Sei de um caso, o qual partilho convosco, em que um trabalhador a recibos verdes, por falta de ter descontado, teve que pagar quase 90.000 euros, sendo 40 mil em juros de mora. Para no final receber de reforma a módica quantia de 358 €, depois de 43 anos de descontos!!!

Mas certamente vocês, caros ouvintes e leitores, saberão de outros casos semelhantes entre vossos amigos, familiares ou, até mesmo, vós próprios sejam um desses casos.

Quando chegarem as próximas eleições, não se esqueçam, cidadãos do meu país, de impor as vossas condições aos candidatos, não se fiem em promessas vãs, que qualquer pessoa com 3 dedos de testa, consegue ver que são balelas e promessas falsas, só para caçar votos.

Nunca vi, desde o 25 de Abril de 1974, tanta greve, tanto descontentamento, tantos ordenados de miséria, tanta corrupção, tanto clientelismo, tantos favorecimentos.

Esta minha crónica é apenas um alerta, um descargo de consciência.

Sim, porque cá em casa tudo bem!

Está tudo mal neste país à beira mar plantado.



Caixa Alta, Rádio Castrense
António Gonçalves/ Cristina Ferreira, 13/12/2019


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas III (06DEZ2019)



JOSÉ MÁRIO BRANCO

Morreu José Mário Branco, a 19 de novembro de 2019, o músico, cantor e compositor que marcou a música portuguesa das canções de resistência ao fascismo até à nova geração do fado, músico que ao longo de meio século de carreira deixou a sua marca na cultura portuguesa e em várias gerações de artistas. A sua vida foi marcada igualmente pela intervenção política, pelo combate às opressões e à desigualdade social, como refere o artigo publicado em Esquerda.net.

Grava “Cantigas de Amigo” em 1967 mas é no exílio em França que compõe as músicas para textos de Natália Correia, Alexandre O’Neill, Luís de Camões e Sérgio Godinho que dão forma ao álbum “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades” em 1971. Este álbum levou-o a percorrer vários países europeus em concertos para as comunidades portuguesas e em atos de solidariedade contra o fascismo português em França, Suíça, Alemanha, Holanda e Itália. Esta ação foi sempre marcada pela sua participação política na luta contra o fascismo e nos combates pela liberdade. Destaca-se a sua ativa militância no Maio de 68 em França.

Regressa a Portugal após a revolução do 25 de Abril e torna-se uma das figuras da cultura portuguesa nos primeiros tempos de liberdade. Para além das inúmeras intervenções musicais, estende a sua atividade ao teatro, integrando o grupo A Comuna, onde veio a conhecer a sua companheira Manuela de Freitas, mas também ao cinema e à ação cultural, fundando com Fausto, Tino Flores e Afonso Dias o - Grupo de Ação Cultural - Vozes na Luta logo após chegar a Portugal. Este grupo dinamizou centenas de sessões de canto em aldeias, fábricas e quartéis por todo o país, participando inclusivamente no Festival da Canção de 1975 com o tema “Alerta”.

Num contexto cultural marcado também pela luta entre as diferentes orientações políticas da esquerda revolucionária, a intervenção política de José Mário Branco nesse tempo foi orientada para o agrupamento das correntes maoístas que viriam a dar origem à UDP, da qual foi fundador e dirigente, tendo sido eleito para a direção da UDP em 1980.

O período pós-revolucionário foi marcado por cisões tanto ao nível partidário como cultural, com as divergências a determinarem igualmente a sua saída do Grupo de Ação Cultural e também da Comuna. É neste período que compõe e edita duas das suas maiores obras musicais, “FMI” e “Ser Solidário”, que ficariam para sempre como a marca da desilusão por parte de uma geração que entregou a sua juventude ao processo revolucionário e assistia então ao desfazer das esperanças de construir uma sociedade socialista em Portugal. O cantor conclui o período com a canção e autêntico manifesto: "Eu vim de longe, eu vou para longe" do disco "Ser Solidário".

Os anos seguintes seriam férteis em colaborações com outros artistas, assumindo a orquestração, composição e arranjos musicais em trabalhos de velhos parceiros, como José Afonso, Fausto, Sérgio Godinho ou Janita Salomé, mas também de novos companheiros como os Gaiteiros de Lisboa e Amélia Muge e um novo interesse pelo fado, onde colabora com Carlos do Carmo ou Camané. Edita um álbum de canções ao vivo em 1997.

Em 1999 participa na fundação do Bloco de Esquerda, de que foi membro da Mesa Nacional.

Num tempo marcado pela mobilização pela independência de Timor, servirá como base para o título do álbum seguinte, já em 2004, “Resistir é Vencer”.

Cinco anos depois, regressa aos palcos ao lado de Fausto e Sérgio Godinho no projeto “Três Cantos”, com vários dias de concertos no Campo Pequeno.

Em 2018 deu a conhecer um conjunto de canções e composições gravadas com o álbum “Inéditos 1967-1999”.





Caixa Alta, Rádio Castrense
Cristina Ferreira, 6/12/2019

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas III (29NOV2019)




AS ESTUFAS

Na passada semana, esteve em Caixa Alta, a questão da água para consumo humano e agrícola nas perspetivas da sua disponibilidade, gestão, comércio e de investimento público.

Hoje, trago-vos a questão da agricultura em regime de estufas, que a par das monoculturas intensivas e superintensivas, são o modelo de exploração com maior crescimento no nosso Alentejo.

Face à agricultura tradicional, a produção agrícola em estufas, é um método eficaz de controlo das variáveis e fatores que determinam o sucesso, ou insucesso, das produções agrícolas e, até mesmo, encurtar os ciclos produtivos e incrementar o número de colheitas de determinadas espécies.

Mas se este modelo tem estes pontos positivos, com os inerentes benefícios na disponibilidade alimentar, também existem vários pontos negativos que a ele estão associados e por regra são escamoteados e afastados do conhecimento generalizado das populações.

Recentemente acompanhei, em São Teotónio, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins e deputados e deputadas responsáveis pelas áreas do Ambiente, Habitação, Agricultura e Imigração, numa visita às estufas integradas no perímetro de rega de Mira.

Esta região constitui atualmente um mar de plástico. Estufas a perder de vista, que têm nascido sem quaisquer regras ou disciplina, estudos de impacto ambiental e muitas vezes em desrespeito pelos zonamentos predeterminados de proteção como parques naturais e similares. Mas constitui, também, terreno fértil para a proliferação de problemas sociais e laborais, porque a prática de exploração intensiva estende-se para além dos produtos agrícolas e atingem os trabalhadores e trabalhadoras, muitos deles migrantes recrutados à margem da lei, assim como as comunidades locais onde se inserem.

Esta visita espelha a preocupação crescente manifestada por diversas associações, organizações e comunidades locais, integra-se no contexto de várias ações do Bloco de Esquerda que para o efeito têm sido realizadas. Destaco a pergunta dirigida ao Ministério da Presidência e da Modernização Administrativa, sobre o acesso a habitação e serviços públicos pelos trabalhadores migrantes de explorações agrícolas no perímetro de rega do Mira. Destaco também o requerimento para audição do ministro das Infraestruturas e Habitação e do ministro do Ambiente e Ação Climática, sobre a resolução ministerial que prevê respostas excecionais de habitação indigna – isto é: contentores, dotados de algumas comodidades, colocados dentro das explorações agrícolas, para estes mesmos trabalhadores e trabalhadoras.

Em 4 de junho foi estabelecido um programa de erradicação das situações indignas de habitação através do decreto-lei nº. 37/2018. Para tal, com base numa Nova Geração de Políticas de Habitação, cerca de 170 000 fogos têm de ser construídos. Neste contexto impõem-se a questão: é esta resolução de ministros uma forma de dar cumprimento ao decreto-lei nº. 37/2018 ou uma cedência às vontades dos empreendedores agrícolas?
Estando o Perímetro de Rega do Mira integrado no Programa Nacional de Regadio, que abordei na passada semana, é de todo, e por extrapolação, legítimo considerar os 3.600 trabalhadores aferidos nos diversos relatórios conexos à resolução, como parte dos 10.000 que ocuparão os novos postos de trabalho criados pelo programa de regadio. Atendendo às condições precárias e sub-humanas atuais destes trabalhadores, o futuro não se adivinha melhor para os restantes, sejam eles migrantes ou não.


Caixa Alta, Rádio Castrense
Cristina Ferreira/Filipe M Santos, 29-11-2019



sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas III (22NOV2019)



Sobre a água
Outubro foi mais um mês de seca.
Segundo os dados disponíveis no sítio do Instituto Português do Mar e da Atmosfera – IPMA o Alentejo é fustigado por uma seca persistente classificada de moderada a extrema.
No histórico existente para o mês de outubro, desde 2008, esta região não vê serem ultrapassados os 150 mm de precipitação, facto que aconteceu apenas em 2013, sendo a regra ficar-se entre 50 e 100 mm. Mostra também que, em 2017, a precipitação ficou abaixo dos 25 mm e abaixo dos 50 mm em 2019, constituindo-se assim como os anos de menor precipitação. Especificamente, no mês que findou, registaram-se em Évora 26,7 mm e em Beja 31,3 mm de precipitação.
Neste contexto, a região circundante ao eixo Almodôvar - Castro Verde, também não excede o segundo intervalo da escala com precipitações entre os 10 e os 50 mm. Não admira, por isso, que os solos mantenham registos abaixo dos 10% para o índice de água.
Este não é um boletim meteorológico. Reflete, apenas, parte de um conjunto de dados com importância para a compreensão da atual escassez de água.
De facto, tomando apenas a albufeira de Monte da Rocha como exemplo, esta escassez está à vista de todos. É confrangedor que esta barragem, entre janeiro e abril de 2011, portanto há não muitos anos, estava na sua cota máxima e escoava o excedente pelo ralo de segurança, esteja agora a pouco mais de 3.5 m da cota do nível mínimo de exploração, com 8,5% da capacidade máxima e, tal como  o Jornalista Rui Rosa noticia, em junho deste ano, o ministro do ambiente, João Pedro Matos Fernandes, já adjetivava a situação da albufeira como a mais crítica quando esta estava nos 11%.
Em 2016 a barragem de Monte da Rocha abastecia os concelhos de Almodôvar, Castro Verde, Ourique e projetava-se fazer o abastecimento de parte dos concelhos de Odemira e Mértola até este ano.
Em operação desde 1972, sob a tutela da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado, esta barragem integra a rede de abastecimento concessionada em regime de exclusividade por 50 anos à AgdA – Águas Públicas do Alentejo em 25 de setembro de 2009. A concessão abrange cerca de 18,5% do território nacional continental, correspondentes a 21 municípios. Entre eles, os cinco municípios abastecidos por Monte da Rocha anteriormente referidos.
A Águas Públicas do Alentejo afirma ter como missão proceder “à exploração e à gestão dos serviços de água (…) visando a prestação de um serviço de qualidade, com respeito pelos aspetos essenciais de ordem social e ambiental, bem como a disponibilização das suas capacidades ao serviço do interesse nacional.”
Convenhamos, dito assim até esquecemos que esta é uma empresa e, como tal, tem em vista um único e verdadeiro objetivo: o lucro.
O Bloco de Esquerda sempre mostrou alguma resistência sobre o facto de este recurso ser entregue ao setor privado e mostrou-o quando, em 2009, estas matérias estiveram em deliberação nas respetivas Assembleias Municipais onde tinha representação e 10 anos depois mantém-na.
A água é um bem vital e não deve estar na mão do capital, sujeito a oscilações de preços derivadas de pressões de mercado, de investimento ou falta dele, e até mesmo de fatores não tão diretos tal como a pressão ambiental que se vem registando.
São também palavras da Águas Públicas do Alentejo: “A gestão da empresa deve fazer-se num contexto de procura permanente da sua sustentabilidade económica e financeira, seguindo os princípios da ecoeficiência e da responsabilidade social e ambiental.”
Mais palavras bonitas, mas que levam o Bloco a uma pergunta:
- E quando a sustentabilidade económica e financeira acabar?
O Contrato de Gestão que vincula a Águas Públicas do Alentejo possui vários mecanismos que asseguram a sustentabilidade económica e financeira da empresa, dos quais destaco a renda mínima assegurada por cada município, a correção quinquenal (a cada cinco anos) das tarifas ou a devolução decenal (em 10 anos) de eventuais proveitos.
Para ilustrar estas preocupações, a título de exemplo e passe-se a publicidade, na minha área de residência, na superfície comercial Pingo-Doce, desde algum tempo passou a ser muito difícil adquirir água engarrafada da própria marca devido à sua escassez nas prateleiras, mas nas prateleiras vizinhas reservado a outras marcas de água o abastecimento manteve-se regular. Fosse isto motivado por uma escassez de stock na origem, nos centros de distribuição, por opção da gestão local ou outro, o facto é que o consumidor acabou por ser “obrigado” a consumir a água a um preço mais elevado visto que as opções disponíveis eram igualmente mais caras. Obra do acaso? Decida você.
Curiosamente, enquanto me documentava sobre o tema que vos trago hoje, deparei-me com o Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento – ENEG 2019 | Roteiro para 2030 a decorrer em Ílhavo desde dia 19 e que termina hoje. Este evento subordinado à questão da água em Portugal na próxima década, desenvolve-se em torno de 10 temas principais. Um deles: “Alterações climáticas, economia circular e transição energética” contou com a participação de Daniela Guerreiro e Susana Ramalho da Águas Públicas do Alentejo que falaram sobre o REUSE - Produção e utilização de água para reutilização no regadio do Alentejo. Simultaneamente, numa Mesa Redonda moderada por Pulido Valente, vice-presidente da CCDR Alentejo as intervenções centraram-se n’ “A Desertificação do Interior de Portugal e o Impacto nos Serviços de Águas”
Mas, para o Bloco de Esquerda, existem outras preocupações transversais à temática da água como é o caso da agricultura de regadio, em particular as monoculturas intensivas e superintensivas, sem esquecer a agricultura das estufas, integradas nos planos de regadio do programa nacional.
Quando antes a cultura do olival ocupava cerca de 300 árvores por hectare, hoje, no mesmo hectare são plantados mais de 1000. O mesmo se passa com amendoal e outras espécies arbóreas e que tem uma só justificação, a maximização do lucro. Existe um senão, este tipo de exploração degrada rápida e acentuadamente ou esgota os recursos locais, sejam eles o solo, a fauna, os recursos hídricos ou outros. Mesmo assim, o olival, o amendoal e as estufas são as formas de agricultura que mais crescem no cada vez mais árido Baixo Alentejo. Uma vitória na opinião de Pedro do Carmo, deputado PS pelo círculo eleitoral de Beja. A prossecução do aumento da produtividade e da competitividade da agricultura são a batuta que rege o Programa Nacional de Regadios e conduziram o anterior ministro da agricultura, Capoulas Santos, a aprovar à pressa dois novos projetos de regadio, dias antes de terminar o seu mandato. São mais 5.327 hectares a beneficiar da água do Alqueva, que vê assim o seu perímetro de rega alargado para os 170 mil hectares.
Cem mil novos hectares de regadio serão criados até 2023, com a conclusão da primeira parte do Programa Nacional de Regadios, um esforço de 560 milhões de investimento público para criar 10 mil novos postos de trabalho. Contas redondas, são 56.000 euros por posto de trabalho ou 56 euros por cidadão.
Sobre isto o Bloco também tem tido uma palavra a dizer: Cuidado! E tem várias propostas que postas em prática mitigam os efeitos perversos de todas estas coisas. Haja força e vontade política para as considerar e aceitá-las.
Para terminar, uma sugestão: Quando abrir a sua torneira de água, pergunte-se quanto realmente lhe custa um litro de água.

Caixa Alta, Rádio Castrense
Cristina Ferreira/Filipe M Santos, 21-11-2019




sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas III (15NOV2019)





Facilidade não é sinónimo de Felicidade

Numa era global em que tudo está à mão de semear é fácil ser feliz: as necessidades podem ser satisfeitas em minutos, sejam elas de cariz social, económico, educacional ou outras. 

Facilitar pode ser um atalho mas não será nunca o caminho. 

Facilitar na educação, por exemplo, cria um caminho perigoso de ilusão, de que os percursos não têm obstáculos, de que se pode tudo e que não é preciso estudar ou desenvolver espírito crítico. Deixa de fora a aprendizagem de vivências negativas e da capacidade de superação que daí advém. Deixa de fora a aprendizagem enquanto indivíduo que vive no colectivo escolar, ser social que deve passar ao patamar seguinte, passando a ideia de que tudo é facilitismo, de que nada é difícil de conseguir. 

Se a questão económica é o único factor a ponderar nesta decisão de que o aluno não chumba até ao nono ano, então mais uma vez estamos no caminho errado. Estamos a fomentar diversos factores adversos à aprendizagem, poderemos estar a criar um problema social maior do que aquele que se quer resolver: o insucesso escolar. 

O ministro da Educação, Tiago Brandão defende que deve ser feito um trabalho de acompanhamento mais próximo dos estudantes que revelam mais dificuldades para que o plano de retenção dos alunos não seja entendido como eliminação administrativa das retenções.

Mas não foi sempre esse o objetivo? Acompanhar e apoiar os alunos com mais dificuldades? 

Se as retenções nunca levam os alunos a bom porto, também o facilitar tem o mesmo efeito e com consequências que se prolongam no tempo.

Se cabe às escolas e aos professores a tarefa de “Trazer esses alunos para dentro da escola para que nenhum possa ficar para trás” então terá que dotar as escolas de recursos humanos e materiais para que tal possa acontecer. Nenhuma escola é apelativa se o edifício está degradado, se não há recursos humanos para assegurar o bom funcionamento, se não há professores, se não há medidas e ações que assegurem a satisfação das necessidades, tanto dos alunos como dos profissionais da educação, como quer o ministro que a escola seja apelativa para todos? 

Não esquecer que também os encarregados de educação se afastam da escola e, por isso, também têm que ser chamados!

Tiago Brandão Rodrigues referiu que estas mudanças terão que ter por base projectos pedagógicos e que só assim serão benéficas. “Os directores, dentro da sua autonomia, sabem melhor do que ninguém o que é que serve cada uma das suas turmas em termos de dimensão”, referiu, pelo que “as direções das escolas, conselhos pedagógicos e conselho de turma terão como tarefa definir o “número óptimo” de cada turma tendo em conta o seu projecto pedagógico. Palavras bonitas para criar a utopia de que é fácil resolver problemas de aprendizagem, sociais, económicos ou outros que as escolas enfrentam diariamente na diversidade de situações que ocorrem. 

A aprendizagem tem que ser valorizada como factor de crescimento, tanto individual como social, o reconhecimento social dos profissionais da educação bem como a perspectiva de que se tem um futuro profissional valorizado de certeza que, além de trazerem felicidade, chamam para a escola. 



Caixa Alta, Rádio Castrense
Cristina Ferreira, 15/11/2019


sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas III (08/NOV/2019)



A L I E N A Ç Ã O               

Bem-vindos a mais um ciclo de crónicas Caixa Alta. 
Inicio este ciclo com uma reflexão do camarada António Guerreiro com um tema que tem tanto de pertinente como de atual. 

Nas ciências sociais, alienação indica o estado de alheamento dos indivíduos relativamente a si próprios e aos outros.
Originalmente, o termo tinha um sentido filosófico e religioso mas Karl Marx construiu-o enquanto conceito sociológico. Segundo ele, esse sentimento de afastamento face a si próprio e aos outros teria a sua origem na negação da essência da natureza humana pela estrutura social. Essa essência humana poderia expressar-se no trabalho criativo e no desenvolvimento de actividades de cooperação com outros indivíduos, pelas quais estes se sentissem a transformar o mundo e a transformar-se a si mesmos. Acusou a sociedade capitalista de negar essas hipóteses de realização e de promover a alienação ao retirar aos trabalhadores qualquer controlo sobre o processo produtivo. Segundo Marx, o sistema de produção capitalista compele ao trabalho retirando-lhe toda a criatividade e espontaneidade, expropria os trabalhadores do produto do seu trabalho e transforma as relações sociais em relações de mercado fazendo do próprio trabalhador uma mercadoria igual às outras.

Alienação pode ter muitos significados, como: transferir; vender; desviar; alucinar; enlouquecer; fugir; evitar… eu sei lá que mais.

Começava assim um artigo que escrevi em Abril de 2004 para o já extinto Jornal de Almodôvar no qual o meu camarada Alberto Matos escrevia também mensalmente um artigo de opinião.

Referia-se o meu artigo à venda por parte do estado português, da Somincor à Euro Zinc a pretexto da diminuição do défice no então Governo de Durão Barroso cuja Ministra das Finanças era Manuela Ferreira Leite.

No mês anterior, a 5 de Março, tinha-se realizado em Castro Verde um debate sobre a privatização da referida empresa e que tinha como convidados o Governador Civil do Distrito de Beja, na altura João Paulo Ramôa; a representar o PSD estava Mário Simões, estes dois naturalmente a favor. João Cordovil do PS que também não se incomodava, até porque o anterior Governo, do seu partido, presidido por António Guterres também já havia tentado a alienação da empresa. Contra estavam Fernando Rosas do Bloco de Esquerda, Rodeia Machado do PCP, António João Colaço do Sindicato do Trabalhadores da Industria Mineira (STIM) e Fernando Caeiros, Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde. Estava ainda no painel António Sebastião Presidente da Câmara Municipal de Almodôvar cuja posição não compreendi e fiquei com a sensação de que era “nim”…”que não compreendia o negócio mas que também não haveria motivo para alarmes”. Enfim alheou-se…alienou-se.

Nesta altura passam dois anos sobre as grandes lutas de Outubro, Novembro e Dezembro de 2017 por parte dos trabalhadores das Lavarias da Somincor que reivindicavam há muitos anos a antecipação da idade da reforma á semelhança do que já acontecia com os seus camaradas dos trabalhos subterrâneos.

A Administração da Somincor que sempre se tinha alheado das justas pretensões dos trabalhadores respondeu com a força de intervenção da GNR reforçada com cães para reprimir homens que durante 30 anos tudo deram á empresa.

Por esta altura houve muito alheamento, houve muita alienação. Desde logo por parte da Comunicação Social da região…sim…a Somincor tem muita força…

 Alienação, como foi referido acima, pode também ser: evitar, fugir…

Por onde andavam os autarcas da região? Reuniam com a Administração. Evitavam, fugiam aos trabalhadores.

Como sempre, só não se alienaram o Bloco de Esquerda e o PCP. 

Fará brevemente um ano a 4 de Dezembro, dia de Santa Bárbara, que foi inaugurada na rotunda da entrada sul de Almodôvar uma estátua que, pretendia o presidente da Câmara Municipal de Almodôvar, fosse de homenagem ao mineiro. Como diria o cançonetista popular José Malhoa “até o padre ajudou”. Toda a gente botou discurso inclusive a administração da Somincor. Nesse dia, em Almodôvar, deve ter acontecido um caso único em todo o mundo… só não falou o homenageado. 

          ALIENARAM O MINEIRO

Durante a campanha eleitoral das recentes eleições legislativas, tentaram apropriar-se vergonhosamente da conquista dos trabalhadores. Aqui, convenientemente, não se alienaram.

Em política meus senhores, não pode valer tudo.

É preciso não esquecer que por mais alienados que sejam, não são alienígenas.

                                                              
                                                                 
Caixa Alta, Rádio Castrense
António Guerreiro/Cristina Ferreira, 08/11/2019



terça-feira, 15 de outubro de 2019

Legislativas 2019 - Análise pós-eleitoral







Em termos nacionais, nas Eleições Legislativas de 6 de outubro, aparentemente a “geringonça” funcionou mais favoravelmente para o lado do PS. Depois da recuperação económica, aumento do salário mínimo, aumento das pensões, reposição de direitos, etc., seria de esperar e, devido à sua participação ativa nestas melhorias, outros resultados por parte do BE e da CDU. Tal não só não se veio a verificar do lado do BE como assistimos ao “afundar” da CDU.

Se é verdade que o BE manteve os 19 deputados e reafirmou-se como a 3ª força política com assento no parlamento, desceu em termos percentuais e absolutos, ao que parece, devido principalmente ao aumento da abstenção dos eleitores.

A nível distrital, no qual se insere o nosso núcleo concelhio, subimos a percentagem, mas descemos em termos absolutos e neste caso não restam dúvidas de que se deveu à conjugação de dois fatores: ao aumento da abstenção e à diminuição do número de eleitores. Muito embora houvesse subida na percentagem dos votos conseguidos em quase todos os concelhos, em apenas dois o número absoluto de votos acompanhou a subida percentual.

No que concerne ao concelho de Almodôvar o Bloco de Esquerda por, troca com a CDU, estabeleceu-se como 3ª força política e apesar dos 47.45% de abstenção, percentual agravado em quase 5% relativamente a 2015, e do decréscimo de 564 eleitores inscritos de 3726 para 3162, conseguiu não só subir a percentagem como também o numero de votos em termos absolutos.

No distrito, os eleitores de Almodôvar foram, em termos percentuais os que mais votaram no BE, com 11.86%, e das 75 freguesias e uniões de freguesia que compõem o distrito de Beja a do Rosário foi a que obteve a maior percentagem com 14,72% e a de Almodôvar a quarta com 13,4%.

Estes são os resultados do escrutínio, porém uma análise honesta vai muito para além dos percentis e dos votos conseguidos nas urnas. Esta, deve conseguir mostrar os sucessos, mas sobretudo, deve também conseguir identificar causas para o insucesso nos objetivos não conseguidos.

Desde logo, uma evidência do sucesso na aposta da equipa que se propôs à candidatura e que correspondem aos concelhos onde se registaram as percentagens mais altas: Almodôvar, Odemira, Beja, Ferreira do Alentejo e Aljustrel.

Muito embora este sucesso, ficámos aquém da concretização dos outros dois objetivos e que eram a eleição de um deputado, no caso a cabeça de lista Mariana Aiveca, e ultrapassar o PSD no círculo eleitoral de Beja.

Naturalmente, num distrito como o nosso, que elege apenas 3 deputados, a eleição de 1 deputado pelo BE exigiria obter, na presente correlação de forças, um mínimo de 20,4%, o que à partida seria, uma tarefa hercúlea face à já tradicional polarização eleitoral entre PS/PSD/CDU. Houve, talvez, penalização por o aparelho de campanha, comparado com estes partidos, ser de menor dimensão e por esse motivo não ter conseguido passar aos eleitores convenientemente a mensagem eleitoral de fundo. Eventualmente a própria mensagem era pouco apelativa ou diferenciada da dos restantes partidos.

Se por um lado a dedicação e empenho dos candidatos da lista do BE por Beja foi exemplar, por outro e face à percentagem conseguida, o esforço não compensou e cabe a partir de agora repensar a forma de dar voz ao Baixo Alentejo no parlamento através do Bloco de Esquerda. Provavelmente será daqui por 4 anos, já que neste mandato pós-geringonça o PS parece querer governar encostado à direita, com os óbvios prejuízos par todos e todas neste país.






Coautoria: António Guerreio, Filipe M Santos
Almodôvar, 14 de outubro de 2019

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

LEGISLATIVAS 2019 - Faremos Acontecer




No próximo dia 6 de outubro, todos os votos contam.

Votar Bloco de Esquerda é o ponto de partida para a concretização de um projeto político que mudará o fado deste país e tem como prioridades alguns eixos de ação, desde o combate à corrupção ao emprego com direitos, sem esquecer a emergência climática nem a igualdade de género.

Este é um programa extenso e pode ser consultado em programa2019.bloco.org mas nem por isso quisemos deixar de trazer aqui algumas das medidas mais emblemáticas.


1 - Combater a Corrupção

Criminalizar o enriquecimento injustificado com confisco de bens, obrigar quem tem cargos públicos a declarar o seu património, alargar para 6 anos o período de nojo de ex-governantes impedindo-os de laborar nas empresas do setor que tutelaram, reforçar os meios ao dispor da polícia de investigação criminal, e acabar com os vistos Gold - instrumento para lavagem de dinheiro, são formas de por fim à promiscuidade entre política e negócios, feitos à medida dos "donos disto tudo" num sistema financeiro sempre salvo com dinheiros públicos.


2 - Salvar a Saúde

A defesa do SNS universal, geral, público, gratuito e de qualidade é um dos grandes desafios que o país tem pela frente. É necessário aumentar o financiamento, utilizar os recursos de forma mais racional, alargar as valências, contratar mais profissionais e melhorar as suas condições de trabalho.
Acabar com as taxas moderadoras, as listas de espera para consultas e cirurgias, autonomizar a gestão das unidades do SNS, garantir uma separação clara entre serviço público e privado, rever carreiras dos profissionais de saúde ou criar as carreiras específicas em falta são algumas das formas de garantir a defesa do SNS e ultrapassar os desafios emergentes.


3 - Responder à emergência Climática

Porque a política dos pequenos passos e do capitalismo verde faliu, o Bloco propõe metas mais ambiciosas tais como a neutralidade carbónica até 2030, a reflorestação nacional, o aumento da produção solar de energia, alargar os sistemas de transportes coletivos e  implementar um Plano Ferroviário Nacional que ligue as capitais distritais e regionais e ainda outras medidas  que fazem eco das vozes das gerações mais jovens.


4 - Emprego com Direitos

O emprego aumentou nos últimos anos mas 22% dos trabalhadores trabalham em regimes precários. Entre os jovens, os números da precariedade elevam-se a 66%. A uberização e o outsourcing são novas formas de precarização que se vieram juntar às antigas. Os salários continuam a ser baixos e as desigualdades salariais enormes. Na legislatura que agora finda, PS recuou nos seus compromissos e chumbou com a direita as medidas que permitiriam reforçar os direitos de quem trabalha.
Acabar com a precariedade significa implementar medidas que relance a contratação coletiva, definir leques salariais no público e no privado, Reduzir o horário de trabalho para as 35 horas semanais, alargar direitos dos trabalhadores por turnos, aprovar lei de combate ao trabalho temporário e ao falso outsoursing, reforçar poderes da ACT e outros


5 - Igualdade

Reforçar a regra da paridade nas listas para a Assembleia da República, juízos especializados para a violência doméstica, reconhecer direito de voto a quem seja titular de autorização de residência e nacionalidade a quem nasceu em Portugal, aumentar o programa de acolhimento de refugiados, convergir a prestação das pessoas com deficiência com salário mínimo, modificar a natureza do crime de violação para crime público, adotar lei-quadro antidiscriminação e criar a rede nacional de centro de referência LGBTI+, criar estatuto de vítima de violência doméstica para as crianças, são formas de combate à desigualdade de género e preconceito contra pessoas LGBTI+ e tornam a nossa sociedade mais forte, livre e justa


Quanto mais força o Bloco tiver, mais passos firmes serão dados rumo à efetivação do nosso programa.






No próximo dia 6 de outubro, o seu voto na candidatura do Bloco de Esquerda significa ficar mais perto de concretizar:

  • Salário Mínimo = 650€ em janeiro 2020, com subida anual nunca inferior a 5% por ano
  • Fim das PPP na Saúde
  • Reforma aos 65 anos ou aos 40 anos de descontos
  • 100 mil casas para arrendamento acessível [desde 150€/mês]
  • 100 mil novos postos de trabalho qualificado na recuperação dos serviços públicos, transição energética e reconversão industrial
  • Rede pública de creches e jardins de infância de acesso gratuito
  • Aumento do investimento em saúde, educação e transportes
  • Acabar com as propinas no Ensino Superior
  • Mais orçamento para a cultura [1% do PIB]
  • Programa de requalificação das escolas públicas
e ainda outras que constam do programa - acessível clicando aqui

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Fizemos Acontecer - Na Indústria Mineira II



Há quem persista no engano e na mentira e quem ache ser uma menoridade algumas discussões à porta de eleições ou de efemérides que nos chamam a atenção para crises como a da água.


Um ou outro não passam de formas de dissimular responsabilidades ou o resultado de décadas de irresponsabilidades dos decisores políticos nacionais, regionais ou locais.

Ao Bloco de Esquerda não lhe interessa a percepção que o PCP tem do seu papel nesta legislatura, mas interessa-lhe e muito a sua própria percepção do contributo que deu. Por isso, para o Bloco importa também quando o PS ( ou outro partido qualquer) pretende retirar dividendos do seu próprio trabalho.

Se olhar-mos para o programa eleitoral do PS comparando-o com  a legislatura que agora finda, percebe-se que, e como muito bem diz o sr. candidato suplente e dirigente do Partido Socialista do Baixo Alentejo, "tudo o que foi bem feito durante esta legislatura deveu-se exclusivamente à sua [BLOCO DE ESQUERDA] atividade", porque contribuímos para que esse programa não fosse concretizado nas medidas mais gravosas aí incluídas.

Não se trata de superioridade moral reconhecer e divulgar os créditos por sua própria atividade e trabalho, é sim uma questão de orgulho poder contribuir ativamente para a melhoria das condições de vida das pessoas.

A questão da moralidade entra na parte em que para atingir o seu objetivo político, se persiste na dissimulação, na mentira, no engano da comunidade que o pode eleger.

Senhor candidato suplente, convido-o a ler os nossos prospetos de campanha com a devida atenção e perceberá o que reivindicamos ter feito e o que pretendemos alcançar.

Neste prospeto pode encontrar em letras um pouco mais miúdas a seguinte informação:

"De acordo com o balanço da atividade parlamentar da última sessão legislativa, o Bloco não só foi o partido que entregou mais projetos de lei, 64 no total, e mais resoluções (108), como foi também aquele que mais projetos viu aprovados: 41".

Entre estes vários projetos está aquele que propõe a alteração do dito Artigo 269.º e que concede aos trabalhadores das lavarias ( e não só) acesso ao regime especial de pensão de invalidez e de velhice




que pode ser lido na íntegra clicando aqui


O sr candidato suplente, uma vez mais acerta quando diz que a conquista destes trabalhadores foi tornada possível, acima de tudo, pelas suas reinvindicações, porque dependendo do PS ou da vontade do seu Ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva (grande opositor à sua alteração), nem ao papel de rascunho chegou.


Colocaríamos aqui uma ligação para a proposta do PS nesta matéria para comparar propostas mas não possuímos tal documento. Talvez o sr. candidato suplente nos possa facultar esse documento.

Porque somos gente de confiança e pugnamos pela verdade, assiste-nos reafirmar que na Assembleia da República, esta alteração passou com os votos favoráveis do PS, apenas porque - para ficar bem na fotografia - a isso se viu obrigado, até porque seria uma alteração que passaria de qualquer forma com o voto a favor das bancadas de oposição: PSD e CDS.