sexta-feira, 5 de julho de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas II (05JUL2019)


Crónica 23.ª

(Caixa Alta S2 - 05JUL2019)




O futuro já começou!

Para as eleições legislativas, o Bloco de Esquerda apresenta uma lista de gente de verdade, empenhada e em busca de reais melhorias para o distrito. Esta lista é encabeçada por Mariana Aiveca e, com ela na Assembleia da República, podemos esperar várias lutas a favor de todos nós. E é por isso que sinto um enorme prazer e orgulho em ser Mandatário Distrital da Juventude, pelo Bloco de Esquerda.

Não temos nenhum deputado eleito pelo círculo de Beja. Seria muito positivo que alguém que conhecesse bem a região pudesse representar-nos verdadeiramente. Alguém que não se intimide e que não fuja aos debates que interessam. Alguém que cumpra o que promete e que proponha soluções para os nossos problemas.

Esta legislatura, que ainda não terminou, ficou marcada por vários avanços e pelo virar do ciclo de empobrecimento, proposto por PSD e CDS. Hoje, todos têm a noção da importância que o Bloco de Esquerda tem tido no parlamento, uma vez que conseguiu travar algumas medidas desastrosas que o PS queria implementar, bem como ir além do acordo parlamentar que assinámos em 2015. Não foi o ideal, uma vez que ficou muito por fazer na defesa de todos e de todas. Fomos decisivos em questões do trabalho, da saúde, da educação, da cultura, do ambiente, entre tantas outras... e pretendemos fazer muito mais. É preciso reforçar a verdadeira esquerda no parlamento.

Muitos acusam-nos de apenas reclamar, de compactuar com o governo, de não termos assumido a responsabilidade em ministérios. São acusações, no meu ponto de vista, injustas. O Bloco de Esquerda não é governo, só o será quando tiver o número de votos suficiente. Só o será quando as pessoas o quiserem. Apenas fizemos valer os cerca de 10% de votos que tivemos, num acordo, que não sendo ideal, permitiu melhorar as condições de vida de muitos portugueses e de muitas portuguesas.

A nível nacional, a política do Bloco de Esquerda reforçará muitas questões que ficaram por resolver, mas apostará também noutros assuntos que merecem importância. As questões climáticas merecem uma preocupação extrema, porque temos bem a noção de que não há planeta B! É preciso reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera, mas não é possível fazê-lo sem um reforço dos transportes públicos, como é o exemplo da ferrovia. Além disso, continuaremos a defender o aumento do salário mínimo nacional, bem como das pensões de quem contribuiu toda uma vida. Todos merecem viver com dignidade, com os mais básicos direitos em Democracia. Não é possível fazer este avanço sem reforçar o investimento público, em sectores fundamentais, como a educação e saúde, por exemplo.

Queremos um combate sério contra desigualdade de género, contra o racismo (que tantas vezes passa desapercebido), contra a discriminação pela orientação sexual. Lutaremos também por um país que tenha mais acessibilidades e que permita às pessoas portadoras de deficiência terem uma vida independente. Não esqueceremos os direitos dos animais, uma vez que continuam a ser cometidas as maiores atrocidades contra eles.

A nível regional há lutas que se mantém e outras novas que farão parte do debate político.

Temos assistido à conversão dos terrenos para as monoculturas intensivas de olival e amendoal, que destroem por completo os solos, que prejudicam a qualidade das águas pela constante aplicação de fitofármacos, comprometendo aliás, a qualidade do produto. A economia não deve asfixiar as pessoas. A qualidade de vida, bem como da alimentação, não deve permitir que estas monoculturas se continuem a propagar. Será apenas o capital que importa? Será que a água de Alqueva apenas servirá para isto? As propostas do Bloco de Esquerda vão precisamente no sentido de regulamentar estas práticas, restringindo também a aplicação de produtos químicos. Não somos contra o desenvolvimento, mas somos a favor de que ele ocorra de forma sustentável.
Não nos devemos esquecer do apoio do Bloco de Esquerda aos trabalhadores das lavarias no acesso à reforma antecipada. Apesar de exercerem um trabalho de desgaste rápido, esse estatuto não lhes era reconhecido, como no caso dos mineiros, por exemplo. O Bloco de Esquerda mostrou a sua solidariedade e apoio. Não nos esquecemos de nenhuma luta. 
Relativamente às questões da água, desde sempre que o Bloco de Esquerda se mostrou contra a proposta de uma parceria para a gestão da água em baixa entre alguns municípios e as Águas do Baixo Alentejo. Algo semelhante a uma privatização, em que os lucros e o controlo dos preços ficariam a cargo das Águas do Alentejo, enquanto que os gastos de manutenção e a própria distribuição ficariam a cargo dos municípios. E ainda bem que o voto do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Beja foi decisivo para travar esta proposta.

Continuaremos a nossa luta contra o trabalho precário na região, bem como contra o trabalho escravo na agricultura, por parte de muitos imigrantes em condições miseráveis. É necessária uma melhor remuneração do trabalho, bem como das pensões, nomeadamente as de sobrevivência, uma vez que tantos são os idosos que vivem em situações de pobreza extrema e isolamento.

Além do mais, é inaceitável a situação em que se encontra a saúde no Baixo Alentejo, desde logo pelas carências de recursos humanos e materiais. É necessário um maior investimento público, para que se possa atender com rapidez e eficácia a todos os que necessitem.



Como Mandatário da Juventude, compreendo que há questões que se relacionam directamente com os jovens. Verificamos cada vez mais um fenómeno de envelhecimento da população e despovoamento do interior. Os jovens terminam o ensino secundário e partem para outras cidades para estudar. Muitos ficam lá a trabalhar e já não regressam às suas origens. O que será do nosso distrito se estes indicadores se mantiverem? Um deserto? É com tristeza que verifico a saída de tantos e tantos jovens e que constato que será esse também o meu futuro.

É preciso reforçar a educação, quebrando o ciclo de desinvestimento da direita, melhorando as condições das escolas e permitindo a contratação de mais funcionários, mais professores... É também necessário prestar apoio aos alunos com necessidades educativas especiais, reforçando os apoios materiais e pedagógicos, prestando um acompanhamento eficiente e personalizado e apoio às famílias.

Relativamente ao Instituto Politécnico de Beja, é necessário haver uma maior articulação com outras instituições de ensino superior, nomeadamente do Alentejo, com pólos especializados e descentralizados, que permitam o desenvolvimento regional. 

Os transportes e acessibilidades são outro problema. Ninguém quer vir para um local onde se verifica a inexistência de acessos e de transportes públicos. Há que investir na região, compreender os problemas que o interior enfrenta e permitir o investimento de forma sustentável. Não podemos continuar esquecidos.

Os jovens são o futuro, em todos os aspectos, pois continuarão o trabalho das gerações atuais e trabalharão em prol das gerações vindouras. É necessário que os jovens tenham consciência da sua importância e que se interessem mais  pela política, para que consigam lutar e conquistar os seus direitos. Vos garanto que o Bloco de Esquerda terá o papel fundamental de compreender, respeitar e apoiar os jovens do nosso distrito. É também por eles que iremos lutar.


Rádio Castrense, Caixa Alta 
Rafael Costa / Cristina Ferreira, 5/7/2019