Vivemos tempos especiais. Todos
somos reféns de um vírus Corona conhecido por Covid-19. Por causa dele perigam
as nossas vidas. Este é um vírus que nos corrói a saúde, corrói as nossas vidas,
os nossos empregos, a economia, a confiança no estado, e mina os ainda frágeis
alicerces da democracia. Vivemos tempos em que a liberdade foi posta em
suspenso, de estado de emergência em estado de emergência.
Hoje é véspera do Dia da
Liberdade, e discute-se a liberdade, ou não, de se assinalar este dia em sessão
solene na Assembleia da República. Dá que pensar: há precisamente 46 anos atrás
tampouco havia liberdade para se pôr esta questão.
Uma longa caminhada de 46
anos, pejada de obstáculos e ziguezagues que não têm sido fáceis percorrer, na
reflexão do nosso camarada António Gonçalves e vos quero partilhar:
25 de Abril… e vão 46
Para mim, parece que foi ontem
e, no entanto, continuo à espera de que se cumpram os desígnios da Revolução do
Cravos.
No princípio era um golpe
militar, com o objetivo de devolver ao povo, a dignidade e a liberdade que eram
do povo, por direito.
Mas, ali na zona nobre da
capital, Terreiro do Paço, Largo do Carmo, o golpe militar virou revolução, e
os cravos vermelhos conquistaram os canos das espingardas.
A liberdade, a dignidade, o
orgulho de ser português, foram devolvidos ao povo, àqueles que tiveram de
partir em busca dessa liberdade perdida e da sua dignidade.
Àqueles que tiveram de partir
para uma guerra que não era sua.
Àqueles que não puderam cantar
os hinos e as cantigas e que optaram por partir para outras paragens, porque o
rolo compressor da censura lhes transformava as palavras cantadas em atos de
repressão e tortura.
Àqueles que sofreram na pele e
na mente os horrores da tortura, porque a palavra e a opinião eram cerceadas
por um regime corrupto e totalitarista.
Traidores à pátria, diziam
eles, os corruptos, os fascistas, em suma, os servos do capitalismo instalado.
E agora, olhando para o
presente, a verdade nua e crua é esta: FALTA CUMPRIR ABRIL!
A corrupção não abrandou, pelo
contrário, os impostos levam-nos grande parte dos nossos ordenados, não há
equilíbrio no uso da palavra quer escrita, quer falada.
E, depois, em alturas de
grandes crises financeiras, somos nós, o povo, que somos obrigados a
chegarmo-nos à frente para tapar os buracos abertos pelos desvarios e desmandos
dos apoiantes do grande capital.
Agora mesmo, o Novo Banco
pediu ao Fundo de Resolução mais uma injeção de mil milhões de euros.
Lá vai o nosso dinheiro, o
dinheiro dos contribuintes, a voar de mão em mão.
Não meus amigos!
Não estão cumpridos os
objetivos de 25 de Abril de 1974.
António Gonçalves, 27/02/2020
Cristina Ferreira/Filipe M Santos,
24/04/2020