NÃO
DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS
Helena
Pinto, Dirigente do Bloco de Esquerda e Vereadora da Câmara de Torres Novas
afirma que "Desconfinemos mas com prudência e sem deixar ninguém para trás pois
entramos numa nova fase do desconfinamento". O clima ajudou, com sol e calor
parece que tudo se torna mais fácil. As lojas abriram, os cafés e restaurantes,
as esplanadas, podemos ir à praia e passear, as famílias reencontram-se.
Nada
de abraços e beijos, mas estamos mais perto uns dos outros, é um facto.
Os
números da doença estabilizaram e salvo algumas situações particulares, parece
que a coisa está controlada, felizmente.
Estamos
na fase de nos habituarmos a usar máscara, de resistir a furar o distanciamento
social, novas regras e novos hábitos que, como sabemos, não são automáticos. É
tempo de prudência pois qualquer deslize pode prejudicar tudo e não conseguimos
prever as consequências de um recuo. Penso sinceramente que estamos a dar
provas coletivas de que seremos capazes de superar esta fase.
Mas
superar esta fase tem também outras implicações. Aqueles e aquelas que ficaram
sem emprego ou perderam rendimentos não podem ficar para trás. O facto de a
situação sanitária estar melhor não pode significar que as medidas de apoio que
foram assumidas quer pelo Governo, quer pelas Autarquias possam ser retiradas.
Se tal acontecer, se essa “almofada social” desaparecer, a crise será ainda
mais profunda e ainda mais dramática.
É
tempo de prolongar no tempo todas as medidas de apoio e é tempo de encontrar e
desenvolver novas medidas no apoio aos desempregados/as, no apoio ao comércio
local e aos produtores locais, no apoio às famílias, no apoio às crianças para
que nenhuma seja prejudicada pelas mudanças verificadas na educação, no apoio
aos mais velhos.
É
tempo de aprender com as crises que já vivemos. Agora é tempo de ligar os
apoios à população com o desenvolvimento do território e são as autarquias que
melhor posicionadas estão para esta tarefa. Terão também que mudar de hábitos,
sobretudo as maiorias absolutas. O debate democrático e sem preconceitos deverá
ser a regra. A transparência nas decisões e procedimentos é fundamental para
criar confiança.
Os
próximos tempos dirão quem está à altura para vencer as várias fases desta
pandemia.
A
coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apresenta as prioridades
do Bloco de Esquerda para estabilizar o país no pós-pandemia.
A
primeira medida é a necessidade de garantir aos trabalhadores o seu salário a
100%. “Não é possível dizer aos trabalhadores que vão viver até ao final do ano
com menos 30% de salário”, situação que aconteceria se a medida atual de
lay-off fosse estendida até ao final do ano, sem qualquer alteração e isso só
será possível se implementada uma medida de apoio ao emprego, financiada pelo
Estado e pelas empresas, para pagar a totalidade do salário dos
trabalhadores.
A
segunda medida é a necessidade de proteger os trabalhadores precários, que não
estão abrangidos nas atuais medidas de lay-off. “Há muitas empresas que estão a
receber apoio público (algumas até, grandes empresas do nosso país) que
despediram trabalhadores precários”, lembrou a coordenadora bloquista.
Não
deixar ninguém para trás significa não repetir o erro feito com o Novo Banco, neste
caso a TAP, “em que nós pagamos e não mandamos”, injetamos milhões e o Estado não
pode mandar ou exigir um escrutínio democrático.
Catarina
Martins afirma que na Europa existem os recursos necessários para responder à
crise e que o “lay-off não será mais caro do que salvar bancos”. Se há
disponibilidade para salvar o sistema financeiro de cada vez que entra em
crise, agora, quando há uma crise sanitária, é necessário proteger o essencial:
“o emprego, o salário, a casa, os bens essenciais”.
Por
outro lado, não é aceitável que se apoiem empresas que despedem precários” pois
“Não é aceitável que se apoiem empresas que despedem precários” ou que estas
distribuam dividendos nesta altura. Além disso, acrescentou a necessidade de
proteger a Segurança Social e o Serviço Nacional de Saúde.
Catarina
Martins disse que o “Bloco de Esquerda estará envolvido no debate e na resposta
aos desafios que temos sem deixar ninguém para trás.
Cristina
Ferreira, 29/05/2020