sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas II (22FEV2019)


Crónica 11.ª

(Caixa Alta S2 - 22FEV2019)


O Bloco de Esquerda apresentou ontem, em Coimbra, no comício de abertura de campanha, a lista da candidatura do Bloco de Esquerda às eleições europeias de 2019, que se realizam a 26 de maio. É encabeçada pela eurodeputada Marisa Matias e “é absolutamente paritária”, com 11 mulheres e 10 homens e tem como lema "Esperança 2019".

Marisa Matias é doutorada em sociologia pela Universidade de Coimbra e faz parte da Comissão Política do Bloco de Esquerda. Exerceu dois mandatos no Parlamento Europeu, ao longo dos quais se destacou pelo excelente trabalho desenvolvido: na presente legislatura, foi coordenadora da Comissão de Assuntos Económicos e Monetários (ECON) e integra também a Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE).




É Presidente do intergrupo dos Bens Comuns e da Delegação para as Relações com os Países do Maxereque (Líbano, Egipto, Síria e Jordânia), no âmbito da qual presidiu a todas as delegações oficiais das visitas parlamentares ao Líbano, à Jordânia e ao Egipto. Presidiu a Missão da União Europeia de observação das eleições nas Honduras.

Um bom resultado para o Bloco nestas eleições europeias passa pelo reconhecimento das propostas e do trabalho realizado nos últimos anos no Parlamento Europeu e que este se traduza no reforço da votação e da bancada do Bloco, para dar mais força à esquerda no Parlamento Europeu.

Segundo Marisa Matias estes são tempos sombrios pois a ameaça da desintegração da União paira sobre a Europa, pelo que nunca foi tão urgente eleger representantes que enfrentem os poderes instalados que trouxeram à crise e lucraram com ela. E hoje o Bloco é a única força da esquerda portuguesa que constrói alianças com movimentos e forças políticas e sociais europeias para desenhar posições comuns e construir caminhos de desobediência ao atual rumo da União Europeia.

Marisa Matias estará, amanhã, dia 24 na Feira do Queijo em Serpa e domingo, dia 25, no auditório da Escola Superior Agrária de Beja para debater a problemática das monoculturas superintensivas.

Este encontro Alentejo - Andaluzia, organizado pelo Bloco de Esquerda, pretende, uma vez mais, colocar a tónica na problemático das monoculturas intensivas e nos efeitos devastadores tanto para o ambiente, como para a agricultura, património, bem como o impacto social negativo de toda esta pressão para produzir a todo o custo e o mais rápido possível.

O verde das diversas plantações, desde olival, amendoal, vinha, eucaliptos e pinheiros esconde um conjunto de ameaças e perigos: a utilização de químicos, consumo intensivo dos recurso hídricos, o esgotamento dos solos, a degradação do ambiente, destruição de fauna e flora, do património; a nível social a exploração de mão-de-obra ilegal, dos trabalhadores que se encontram em situação irregular e que, assim, se tornam alvos fáceis para os patrões,   abrindo campo a todos os fenómenos de exploração e a redes de tráfico de mão-de-obra ilegal.

Há retorno económico para a região? Se não cria empregos, se não desenvolve económica e socialmente a região, claro que não há retorno económico!

Uma realidade preocupante no presente, um futuro comprometido: um Alentejo explorado até ao limite, fruto da ganância de muitos e que compromete o futuro de todos! 



Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 22/02/2019





sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas II (15FEV2019)


Crónica 10.ª

(Caixa Alta S2 - 15FEV2019)




"Os trabalhadores das lavarias executam uma tarefa essencial no setor da extração mineira. Depois de extraído o minério, ele tem que ser tratado, através de processos variados que implicam a utilização de químicos e ferramentas que provocam poeiras perigosas.

Desse ponto de vista, os trabalhadores das lavarias estão expostos a níveis de poeiras e metais pesados dez vezes mais altos do que é aconselhável ao ser humano. Isso mesmo é indicado por vários estudos sobre este setor de atividade.



No entanto, e apesar da penosidade e perigosidade associadas a este trabalho, os trabalhadores não têm direito a condições de reforma semelhantes a profissões que têm os mesmos riscos associados. As doenças oncológicas e do foro respiratório prevalecem, sendo que a qualidade de vida destes trabalhadores quando chega a reforma é muito reduzida, dificultada por estas mesmas doenças.

Assim, é de elementar justiça que possam ser equiparados a trabalhadores com uma penosidade e perigosidade semelhantes, por forma a poderem antecipar a sua reforma sem penalizações."

Esta foi a nota justificativa que o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia da República, no dia 2 de novembro de 2018, para a Proposta de Alteração à PROPOSTA DE LEI N.º 156/XIII/4.ª do ORÇAMENTO DO ESTADO para 2019 no que define o regime especial de acesso às pensões de invalidez e de velhice dos trabalhadores do interior das minas e das lavarias e dos trabalhadores da indústria de extração das pedreiras.

Esta luta pela antecipação da idade da reforma dos trabalhadores de lavaria foi uma das reivindicações dos trabalhadores da Somincor aquando da greve em 2017 e finalmente, e justamente, estes trabalhadores venceram: a antecipação da idade de reforma para os trabalhadores de lavaria equiparada à dos mineiros.

E porque as vitórias são para ser comemoradas realiza-se no próximo domingo, dia 17, em Almodôvar, um almoço com os trabalhadores das lavarias e que contará com a presença de Catarina Martins, Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda, Isabel Pires e José Soeiro, deputad@s na Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda.

Este será um momento de partilha e reconhecimento de quem lutou, tanto na mina como na Assembleia da República, por melhores condições de trabalho, por um futuro, por justiça.



Caixa Alta, Rádio Castrense


Cristina Ferreira, 15/02/2019



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas II (01FEV23019)


Crónica 9.ª

(Caixa Alta S2 - 01FEV2019)

2019 tem, a nível político, dois momentos marcantes: as eleições para o parlamento europeu, a vinte e seis de maio, e a eleição para a Assembleia da República, a seis de outubro.

Marisa Matias será a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias e no programa eleitoral consta a aposta na recuperação dos direitos laborais, na defesa da contratação coletiva e no combate à precariedade e à pobreza.

O segundo eixo do programa eleitoral será a defesa da soberania e dos serviços públicos. Segue-se a reconversão energética, a defesa do investimento público a níveis pré-troika e o crescimento da soberania alimentar.

A aposta do Bloco de Esquerda "em defesa dos muitos e não dos poucos”, é a da representação das causas dos movimentos e das lutas sociais, como forma de concretizar e ampliar a democracia.

À RTP, na sua primeira grande entrevista após ter sido escolhida novamente para liderar a lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias, Marisa Matias considera que estamos numa fase em que é preciso defender os direitos mais básicos e mais fundamentais que nós julgávamos adquiridos".

A eurodeputada do Bloco de Esquerda, que se candidata ao Parlamento Europeu pela terceira vez, admite que "a democracia se viu muito limitada nos últimos anos", tal como "a capacidade de decisão dentro dos próprios Estados-membros" pelas imposições de Bruxelas, continuando essa a ser uma "luta fundamental que tem que ser feita".

A atual eurodeputada admite que tem "o objetivo de aumentar a representação" pois, atualmente, o Bloco de Esquerda é representado unicamente por Marisa Matias, depois de em 2014 ter perdido os dois eurodeputados eleitos em 2009.
Alerta, também, para a ameaça do crescimento significativo de partidos da extrema-direita e que poderá alterar significativamente a representação parlamentar europeia após 26 de maio.

Na perspetiva da eurodeputada, as eleições do dia 26 de maio vão resultar em maior fragmentação do Parlamento Europeu, com "forças partidárias ou grupos parlamentares mais iguais entre si em termos de dimensão", ao contrário do atual, em que "dois grupos parlamentares (centro-esquerda e centro-direita) podiam fazer a maioria", juntando-se num bloco central.

"Prova-se, portanto, que a manutenção de políticas claras e de reais opções políticas para a vida das pessoas tendem a favorecer mais as forças políticas honestas consigo próprias, com o seu programa, com a sua história, do que tentar vender um ideário que não faz outra coisa a não ser destruir um projeto comum", argumenta.

A Europa está "no meio de um turbilhão, de uma tempestade", "um momento muito difícil de desintegração", o que pode explicar porque vários dos partidos portugueses apostaram na continuidade dos eurodeputados que os representam, como é caso do BE;

"Neste momento a experiência pode contar, afirma. Não é apenas a necessidade de renovação, que existe sempre, mas é um momento muito particular, em que aos fatores de desintegração relacionados com a política económica se juntam outros que advêm precisamente de uma agenda de uma Europa solidária ou que sequer possa almejar algum sentido de coesão e de defesa dos direitos mais fundamentais".

Por considerar que "está tudo em aberto”, a eurodeputada alega que cabe ao Bloco de Esquerda “também fazer essa disputa, não só por aquilo que foi o papel e uma marca real do Bloco nos últimos anos nas mudanças em Portugal, mas também exigir ao Partido socialista o que não foi feito".

E por falar em eleições gostaria de deixar aqui algumas considerações ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Almodôvar, António Bota: as eleições autárquicas irão decorrer em setembro ou outubro de 2021, pelo que a promessa de conceder transporte para As Jornadas Mundiais da Juventude de 2022 é, no mínimo, prematura e revela excesso de confiança e esquece fatores essenciais da democracia, a saber: o povo é que decide quem o representa e o estado é laico.

2021 ainda distante no horizonte das eleições autárquicas, mas já assumido como certo, é revelador de que não há a noção do muito que pode acontecer em três anos mas, também do desespero que já leva à caça descarada do voto.



Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 01/02/2019