sexta-feira, 4 de junho de 2021

Cristina Ferreira - Crónicas IV (04JUN2021)

 

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DESEMPREGO JOVEM

 

Salário de jovens licenciados caiu cerca de 17% entre 2010 e 2018 e o desemprego jovem voltou aos níveis de há três anos – esta é a realidade social em Portugal.

Esta quarta-feira foi apresentado o relatório “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências”, coordenado pela Fundação José Neves e produzido em conjunto com equipas de investigadores da Universidade do Minho e da Universidade de Aveiro.

De acordo com a publicação, em 2010, o salário médio de um jovem licenciado na faixa etária dos 24-35 anos era de 1537 euros. Em 2018, esse valor diminuiu para os 1280 euros. Já a média salarial total nesta faixa etária, e independentemente da escolaridade, caiu 4%. Tendo em conta o nível de escolaridade, é possível identificar as assimetrias: o decréscimo foi de 8% para quem tem o ensino secundário, 7% para quem tem o pós-secundário, 17% para os licenciados, 10% para quem fez mestrado e 13% para quem completou um doutoramento. Acresce que a probabilidade de os jovens estarem empregados é muito semelhante entre os diferentes níveis de ensino, principalmente entre os homens.

Os investigadores assinalam que, ainda que os portugueses estejam mais qualificados, há desajustamento entre a educação e o mercado de trabalho: “Uma parte substancial dos jovens com ensino superior não está empregada ou está a trabalhar em ocupações que não exigem este nível de ensino, um indicador de que as competências que adquirem não encontram valorização adequada no mercado de trabalho”, lê-se no relatório.

De acordo com os autores deste estudo, “enquanto três em cada quatro jovens adultos têm pelo menos o ensino secundário completo, nem metade dos adultos mais velhos concluiu esse nível de ensino”.

“Este fosso inter-geracional é, na média europeia, o maior de todos os estados-membros”.

No entanto, são poucos os adultos que participam em Portugal na aprendizagem ao longo da vida. E a maioria daqueles que participam tem um nível de educação de base mais avançado: “Em 2019, foram apenas 10,5% os portugueses que participaram em educação e formação ao longo da vida, um valor que desceu ligeiramente na última década. Os que mais participam são os mais qualificados, enquanto entre os adultos menos escolarizados apenas 4,2% participa em aprendizagem ao longo da vida”.

“As mulheres são mais qualificadas do que os homens, mas a disparidade salarial continua a penalizá-las independentemente do nível de educação e área de estudo”, lê-se no relatório. A disparidade salarial entre géneros é clara entre os que têm o ensino secundário, licenciatura ou mestrado, sempre a favor dos homens.

Os investigadores analisaram ainda o efeito COVID, concluindo que a pandemia acelerou o potencial de desigualdade, sobretudo em termos de idades e qualificações.

Em contexto pandémico, o emprego mais penalizado foi o dos jovens, dos menos qualificados e dos trabalhadores de alguns setores de atividade, como alojamento, restauração, agricultura e serviços administrativos. A probabilidade de ficar desempregado subiu cerca de 70% para jovens, 50% para os trabalhadores menos escolarizados e duplicou para os trabalhadores do setor do alojamento e restauração.

As bases de dados mais utilizadas neste estudo foram o Inquérito ao Emprego e os Quadros de Pessoal pelo que foi apurado o valor do salário médio real bruto a partir das pessoas ao serviço que ganham pelo menos 80% do salário mínimo/hora e tendo em conta as prestações regulares, o índice de preços do consumidor e o número de horas trabalhadas.

 

Fonte:

https://www.esquerda.net/artigo/salario-de-jovens-licenciados-caiu-cerca-de-17-entre-2010-e-2018/74804

 

Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 04/06/2021



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