DESEMPREGO
JOVEM
Salário
de jovens licenciados caiu cerca de 17% entre 2010 e 2018 e o desemprego jovem
voltou aos níveis de há três anos – esta é a realidade social em Portugal.
Esta
quarta-feira foi apresentado o relatório “Estado da Nação: Educação, Emprego e
Competências”, coordenado pela Fundação José Neves e produzido em conjunto com
equipas de investigadores da Universidade do Minho e da Universidade de Aveiro.
De
acordo com a publicação, em 2010, o salário médio de um jovem licenciado na
faixa etária dos 24-35 anos era de 1537 euros. Em 2018, esse valor diminuiu
para os 1280 euros. Já a média salarial total nesta faixa etária, e
independentemente da escolaridade, caiu 4%. Tendo em conta o nível de
escolaridade, é possível identificar as assimetrias: o decréscimo foi de 8%
para quem tem o ensino secundário, 7% para quem tem o pós-secundário, 17% para
os licenciados, 10% para quem fez mestrado e 13% para quem completou um
doutoramento. Acresce que a probabilidade de os jovens estarem empregados é
muito semelhante entre os diferentes níveis de ensino, principalmente entre os
homens.
Os
investigadores assinalam que, ainda que os portugueses estejam mais
qualificados, há desajustamento entre a educação e o mercado de trabalho: “Uma
parte substancial dos jovens com ensino superior não está empregada ou está a
trabalhar em ocupações que não exigem este nível de ensino, um indicador de que
as competências que adquirem não encontram valorização adequada no mercado de
trabalho”, lê-se no relatório.
De
acordo com os autores deste estudo, “enquanto três em cada quatro jovens
adultos têm pelo menos o ensino secundário completo, nem metade dos adultos
mais velhos concluiu esse nível de ensino”.
“Este
fosso inter-geracional é, na média europeia, o maior de todos os
estados-membros”.
No
entanto, são poucos os adultos que participam em Portugal na aprendizagem ao
longo da vida. E a maioria daqueles que participam tem um nível de educação de
base mais avançado: “Em 2019, foram apenas 10,5% os portugueses que
participaram em educação e formação ao longo da vida, um valor que desceu
ligeiramente na última década. Os que mais participam são os mais qualificados,
enquanto entre os adultos menos escolarizados apenas 4,2% participa em
aprendizagem ao longo da vida”.
“As
mulheres são mais qualificadas do que os homens, mas a disparidade salarial
continua a penalizá-las independentemente do nível de educação e área de
estudo”, lê-se no relatório. A disparidade salarial entre géneros é clara entre
os que têm o ensino secundário, licenciatura ou mestrado, sempre a favor dos
homens.
Os
investigadores analisaram ainda o efeito COVID, concluindo que a pandemia
acelerou o potencial de desigualdade, sobretudo em termos de idades e
qualificações.
Em
contexto pandémico, o emprego mais penalizado foi o dos jovens, dos menos
qualificados e dos trabalhadores de alguns setores de atividade, como
alojamento, restauração, agricultura e serviços administrativos. A
probabilidade de ficar desempregado subiu cerca de 70% para jovens, 50% para os
trabalhadores menos escolarizados e duplicou para os trabalhadores do setor do
alojamento e restauração.
As
bases de dados mais utilizadas neste estudo foram o Inquérito ao Emprego e os
Quadros de Pessoal pelo que foi apurado o valor do salário médio real bruto a
partir das pessoas ao serviço que ganham pelo menos 80% do salário mínimo/hora
e tendo em conta as prestações regulares, o índice de preços do consumidor e o
número de horas trabalhadas.
Fonte:
https://www.esquerda.net/artigo/salario-de-jovens-licenciados-caiu-cerca-de-17-entre-2010-e-2018/74804
Cristina
Ferreira, 04/06/2021
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