sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Cristina Ferreira - Crónicas II (11JAN2019)


Crónica 6.ª

(Caixa Alta S2 - 11JAN2019)

Marcelo Rebelo de Sousa tem uma ligação muito próxima com certas pessoas do mundo da televisão. Até aqui tudo bem.

O percurso pessoal de cada um, sempre feito de altos e baixos, de novas etapas, deve ser valorizado mas... em direto para uma estação de televisão e realizado pelo Exmo. Senhor Presidente da República?

Não me parece que esta deva ser a postura e atitude de alguém que representa Portugal e os portugueses.

A ligação à câmara, seja da máquina fotográfica ou da televisão, é sobejamente conhecida e tem sido usada de forma intensiva pelo Sr. Presidente da República o que,  juntamente com a distribuição de afetos, lhe dá sempre presença nos meios de comunicação social.

Mas o que se esconde por trás desta postura de revista cor de rosa?

Mostra-se um Marcelo Rebelo de Sousa mais interessado na imagem do que na ação, mais interessado em aparecer do que em fazer, afinal o Sr. Presidente até interrompeu uma reunião que, julgo eu,  seria para discutir algo importante para o país.

Se queria felicitar a sua amiga deveria tê-lo feito em privado mas isso não subiria as audiências, nem apareceria na comunicação social ou nesta crónica para a Rádio Castrense. Mas teria sido o correto, mas o correto não é popular, infelizmente.

Marcelo tem tido um conjunto de atitudes que são, no mínimo, discutíveis.

Se o telefonema é discutível, o que dizer da ida à tomada de posse  de Bolsonaro e consequentes declarações?

Uma reunião entre irmãos foi como classificou esse momento.

Ter um irmão ditador, um que considera todas as forças sociais diferentes de si mesmo são alvos para uma “caça às bruxas”, que tem como lema ‘Deus, pátria e família’, um cuja  aversão à democracia, bem como a qualquer movimento cuja lógica, organização e objetivos sejam contra os preceitos governamentais, não se coaduna com o conceito de democracia em que Marcelo foi eleito. Isto tudo envolvido em duas palavras, irmãos e família, bem como a projeção mediática, não tornam tão visível o encosto à ditadura brasileira, nem às consequências que daí decorrem.

Preocupante este percurso político, preocupante esta vertente pessoal no exercício das funções de Presidente da República, preocupante a falta de qualidade e isenção da comunicação social.

Será que as aparências iludem?

Claro que sim!!

Bom ano de 2019!



Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 11/1/2019

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