RECORDAR CATARINA
Passou,
a 19-05-2021, mais um ano sobre a data do assassinato de Catarina Eufémia,
concretamente o 67º.
Nascida
a 13 de fevereiro de 1928 no Monte do Olival – Baleizão, filha de trabalhadores
agrícolas. Desde muito nova começou a trabalhar em casa e na adolescência na
agricultura, dedicando-se a fazer um pouco de tudo como era normal na altura,
desde a monda, à ceifa, à apanha da azeitona etc. e como também era normal
naqueles tempos, não frequentou a escola.
Com 17
anos casou com António Joaquim do Carmo que era operário na Companhia União
Fabril (CUF) e mudou-se para o Barreiro. António viria a ser despedido e
regressaram a Baleizão, ela voltou aos trabalhos agrícolas e ele tornou-se
cantoneiro.
A 19
de Maio de 1954, e na sequência de uma manifestação de trabalhadores agrícolas
que reivindicavam melhores salários e melhores condições de trabalho, Catarina
que liderava um grupo de ceifeiras viria a ser assassinada pelo tenente
Carrajola da GNR de Beja. Catarina era mãe de três filhos e contava somente
vinte e seis anos de idade.
O
assassino foi a julgamento, mas seria absolvido. Justificação: a morte terá
sido causada por um tiro acidental. Curioso, quando a autópsia viria a revelar
que Catarina foi atingida por três tiros.
A
campa de Catarina Eufémia, no cemitério de Baleizão tem uma lápide onde se pode
ler que Catarina Eufémia seria militante do Partido Comunista Português.
Recordo
aqui que, há alguns anos e na presença de Francisco Louçã, o marido de
Catarina, então ainda vivo, António do Carmo, conhecido em Baleizão por Carmona
afirmou que Catarina nunca teve qualquer filiação partidária.
Com ou
sem filiação partidária, é bom que não se perca o hábito de homenagear
Catarina, símbolo de oposição ao Estado Novo e da luta contra a exploração dos
trabalhadores.
E foi
isso que, mais uma vez, ocorreu a 19 de Maio em Baleizão por parte do Bloco de
Esquerda que homenageia também neste dia o seu sobrinho Manuel da Saudade,
dinamizador da UCP “Terra de Catarina”.
Se é
verdade que mudaram os tempos, que o Estado Novo caiu em 25 de Abril de 1974
ainda não mudaram os hábitos de exploração dos trabalhadores, como se pode
verificar, por exemplo no que se passa no concelho de Odemira com os [trabalhadores]
imigrantes vítimas das máfias de tráfico humano ao serviço do lucro dos
patrões.
É por
isso que temos de recordar Catarina e a sua luta para que, de uma vez por
todas, acabemos com exploração do homem pelo homem.
HONRA A CATARINA
Cristina
Ferreira / António Guerreiro, 21/05/2021
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