sábado, 20 de fevereiro de 2021

Cristina Ferreira - Crónicas IV (19FEV2021)




TEMPOS ESTRANHOS QUE A PANDEMIA ACENTUA

 

A urgência do tempo presente, ampliado pelos meios de comunicação social com recurso a opinadores que tudo sabem, a técnicos, cientistas e a vítimas do acaso, do desleixo e da necessidade, tornou primordial o assunto e conduz a decisões pessoais e políticas nem sempre determinadas pela desejada racionalidade, mesmo sabendo que a sua importância é tanto maior quanto mais delicados os problemas a enfrentar.

Confinar, limitar, proibir, amedrontar com o objetivo de evitar a doença, pode significar perturbação da saúde, perda de oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, sobretudo em crianças e jovens, e causa de aprofundamento de uma das mais antigas e persistentes ‘doenças’ em Portugal: a perpetuação das desigualdades sociais que tem na Educação a sua causa primeira, afirma Carlos Ferreira, Diretor da Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona.

Tempos estranhos que a pandemia acentua.

Na opinião de Rui Pereira, os professores têm muitos motivos para se revoltarem com este ministério da educação, que leva já seis anos, mas que não consegue resolver problemas na educação. Uns motivos serão mais graves do que outros, mas o que une os professores são motivos que interferem com a remuneração ou com a despesa para trabalharem:

– O movimento do apagão do ensino à distância por 15 minutos, e em crescendo semanal com mais períodos de apagão, reflete o aumento da despesa com o teletrabalho e uso de equipamentos pessoais, quando a lei prevê a cedência de equipamentos pelos empregadores e o pagamento de despesas adicionais de eletricidade. Mais uma vez a classe docente fica à margem da lei, que não se lhes aplica.

– Outro fator a provocar descontentamento aos professores, visto que também foram a exceção à regra no combate à pandemia, é o não cumprimento da distância de segurança nas salas de aula.

Outros há, mais estruturais, como a necessidade de um modelo de gestão mais democrático e com mais equilíbrio de poderes, bem como a sistemática desvalorização da profissão, que está a provocar falta de profissionais e alunos sem aulas, a revisão dos horários a concurso para terem um mínimo de horas, a vinculação, para falar só dos mais importantes.

Concluindo, começam a aparecer movimentações reivindicativas na classe docente, apesar das araras continuarem a ouvir-se – com o argumento de que agora não é o momento –, mas a maioria da classe começou a sentir na pele as discriminações e incongruências do poder excessivo dos diretores, da ausência do ministro, etc. Por fim, tenha-se presente o caso inglês, em que sindicatos e diretores, falam da necessidade de rever o acordo coletivo de trabalho, se houver prolongamento do horário ou menos férias de verão – diretores do lado dos professores e não a meio da ponte… conclui Rui Pereira.

O momento para resolver os problemas é agora, enquanto acontecem, enquanto as fragilidades e debilidades estão visíveis, pois é possível reinventar o espaço da escola e contar com a sua experiência para permitir segurança e que estas sejam abertas o quanto antes”, afirmou Catarina Martins. E deixou um apelo: que o executivo faça aquilo que “disse que ia fazer antes do início deste ano letivo e não fez”, ou seja, “preparar as escolas para esse modelo de ensino”.

No que respeita ao facto de o governo querer impor critérios para a atribuição do apoio, a coordenadora do Bloco de Esquerda lamentou que o executivo tente “encontrar mais situações para exclusão dos apoios” do que para incluir mais pessoas, pois as escolas não podem, em momento algum, ficar para trás nas preocupações do governo.


Fonte:

https://www.comregras.com/educacao-evitar-a-doenca-e-cuidar-da-saude-por-jorge-proenca/

https://www.comregras.com/acordai/

https://www.esquerda.net/artigo/escolha-nao-pode-ser-entre-escola-como-se-nada-fosse-ou-escola-encerrada/72867


Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 19/02/2021


Sem comentários:

Enviar um comentário