sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Cristina Ferreira - Crónicas V (28JAN2022)



LEGISLATIVAS 2022 – Bloco apresenta-se a eleições


O Bloco de Esquerda apresenta-se às eleições legislativas de 2022 com um programa que traduz o nosso percurso de luta por uma sociedade mais igual, mais livre e mais inclusiva e que é atualizado pela experiência recente: o balanço do ciclo de austeridade, da posterior recuperação e da legislatura que agora foi interrompida, marcada pela estagnação nas principais áreas da vida nacional.

A permanência de impasses políticos são o caminho da política de ressentimento e impedem as transformações necessárias, em particular das graves vulnerabilidades sociais, do mundo do trabalho e dos serviços públicos, cujos efeitos económico-sociais a crise Covid expôs.

A esquerda tem programa e o Bloco é a esquerda que não fica à espera.

Nenhuma das urgências e das grandes crises dos nossos dias terá uma resposta capaz com uma política de pequenos passos e recuos. A crise climática exige uma transformação na energia, nos transportes e nos modos de produção e obriga à adaptação do território.

A crise da habitação exige medidas de combate à especulação e que não se limite à resposta social.

A crise dos salários, com mais de uma década de congelamento e desvalorização até nas profissões mais qualificadas precisa de coragem para enfrentar o patronato e tirar da pobreza e precariedade quem trabalha.

A urgência do investimento em serviços públicos de qualidade, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde, depredado pelo negócio privado, onde falta a concretização da Lei de Bases no sentido da proposta de Arnaut e João Semedo, falta a dignificação das carreiras e a dedicação ao serviço público.

A Escola Pública está em rutura e se nada for feito rapidamente, abrir-se-á neste serviço público a mais grave crise.

A pandemia tornou visível a crise dos cuidados. As estruturas residenciais, lares e afins são insuficientes, o apoio domiciliário é muito limitado e faltam creches.

Urge acabar com a precariedade na ciência e na cultura.

O crime económico, a corrupção e o privilégio carecem de um combate mais determinado e urgente.

No seio do preconceito e discriminação criam-se formas específicas de exclusão. O racismo e xenofobia, o sexismo, a homofobia a transfobia, são estruturais e sistémicos que são urgentes combater.

É urgente uma política de migrações mais solidária, seja no quadro nacional, seja também no quadro europeu.

Aqui chegados e ainda dentro do plano europeu, urge também a reestruturação da dívida e a tão necessária recusa das regras de austeridade que nos são impostas através Tratado Orçamental Europeu.

Estas são algumas das crises e urgências que mais se destacam, mas há outras que podem (e devem) ser consultadas no programa eleitoral do Bloco de Esquerda em BLOCO.ORG

Em 2019 o partido socialista recusou tocar na legislação laboral e trabalhar num acordo com o Bloco de Esquerda, guinou à direita, como se conclui através das votações subsequentes em diversos domínios. Esta foi uma viragem que enterrou a geringonça e desde então a lógica de governação foi a de maioria absoluta por via da chantagem, falhada, com os partidos de esquerda, ou por via de uma crise política que conduziu a estas eleições.

A maioria absoluta é o plano A do PS e se a falhar, no plano B a solução, explicitamente enunciada, é um bloco central e que para se manter no poder, António Costa, estará disponível para entendimentos com Rui Rio.

O país conhece os perigos de maiorias absolutas, vividas com Cavaco Silva ou José Sócrates. E sabe que uma viragem para um bloco central é um regresso à agenda privatizadora, de degradação dos serviços públicos e de desproteção das pessoas, no trabalho e na pobreza.

Assente nas razões fortes do seu programa, o Bloco de Esquerda assume a abertura de sempre para compromissos claros na proteção das pessoas contra a estagnação e são quatro, em particular, os objetivos em torno dos quais contribuirá para formar maioria no parlamento.

O primeiro: impedir a desagregação do Serviço Nacional de Saúde.

O segundo: terminar a longa estagnação do salário médio em Portugal.

O terceiro: modernização do sistema de proteção social e a definitiva remoção das penalizações anacrónicas que continuam a ser impostas a um conjunto de reformados pela aplicação do fator de sustentabilidade.

O quarto: a concretização da Lei do Clima.

Das mais de seiscentas propostas concretas distribuídas por seis áreas da vida de todos nós, concretizar cedências, à esquerda, em compromissos em torno dos quatro objetivos enunciados, é um pequeno esforço para transformar Portugal numa sociedade mais igual, mais livre, mais inclusiva.

O Bloco de Esquerda está pronto! E diz presente para todas as lutas.

O futuro faz-se de escolhas e no próximo dia 30 vamos a votos. Não deixe que escolham por si.

 

Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 28/01/2022


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