sexta-feira, 4 de março de 2022

Cristina Ferreira - Crónicas V (04MAR2022)


 

Bloco de Esquerda: uma história com avanços e recuos do partido que trouxe a política portuguesa para o século XXI.

 

Em 1999 surge a Assembleia fundadora do Bloco de Esquerda. Francisco Louçã e Luís Fazenda são os primeiros deputados eleitos pelo partido. Recusam sentar-se nas filas secundárias e protestam de pé ao plenário até conquistarem para o Bloco um lugar na primeira fila à esquerda no hemiciclo.

Em 2000 acontece a Primeira Convenção do Bloco de Esquerda, realizada na Aula Magna.  Violência doméstica passa a ser considerada na lei como um crime público, por iniciativa do Bloco.

Em 2001 a iniciativa do Bloco abriu caminho à aprovação da lei que descriminalizou o consumo de drogas em Portugal | Fernando Rosas foi o primeiro candidato apoiado pelo Bloco à Presidência da República.

Em 2002 o Bloco elegeu pela primeira vez um deputado pelo círculo do Porto, João Teixeira Lopes

2003 - A III Convenção do Bloco realiza-se em maio de 2003 e reafirma o combate ao governo PSD/CDS, ao código laboral de Bagão Félix e à política da guerra.

Em 2004 o Bloco alcançou a sua primeira representação no Parlamento Europeu, com a eleição de Miguel Portas. | A concorrer pela primeira vez com a sua sigla às eleições regionais da Madeira, o Bloco elege Paulo Martins.

2005 - Nas legislativas de 2005, o Bloco mais que duplicou a votação e os eleitos de 2002, elegendo 8 deputados numa eleição que o PS conquista com maioria absoluta.

Em 2006 Francisco Louçã é o candidato do Bloco às presidenciais. A Marcha pelo Emprego percorreu o país durante 17 dias para divulgar propostas como a redução do horário de trabalho ou a proibição de despedimentos em empresas com lucros.

Em 2007 o Bloco elege um vereador em Lisboa, o independente José Sá Fernandes.

Em 2008 Zuraida Soares e José Cascalho são os primeiros deputados do Bloco na Assembleia Legislativa Regional nos Açores. A Marcha contra a Precariedade percorreu vários distritos do país, chamando a atenção para o abuso do trabalho temporário e o plano do PS para rever o Código Laboral, acentuando a precarização do trabalho.

Em 2009 0 Bloco atingiu o seu melhor resultado até então nas três eleições do ano. Passou de um para três eurodeputados e de oito para dezasseis deputados em São Bento. Nas autárquicas, elegeu nove vereadores e manteve a presidência da Câmara de Salvaterra de Magos.

Em 2010 o Parlamento aprova a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O Bloco participou nos protestos contra a cimeira da NATO em Lisboa

Em 2011 a candidatura presidencial de Manuel Alegre, apoiada pelo Bloco, não impediu Cavaco de ser reeleito à primeira volta. PS e direita assinam o memorando da troika e as eleições legislativas que se seguem penalizam o Bloco, reduzindo a metade o seu grupo parlamentar.

Em 2012 o Bloco faz campanha contra as políticas de empobrecimento seguidas pelo governo e a troika. A Convenção do Bloco aprova um modelo de coordenação paritário. João Semedo e Catarina Martins substituem Francisco Louçã na liderança do partido.

Em 2013 nas eleições autárquicas, o Bloco perde a Câmara de Salvaterra e passa de nove para oito vereadores a nível nacional. Elege pela primeira vez em Torres Novas e Portimão e participa na vitória histórica da esquerda no Funchal.

Em 2014, após uma Convenção com duas moções praticamente empatadas, acaba o modelo de coordenação paritária e Catarina Martins assume o lugar de porta-voz do partido. Nas eleições europeias: com um resultado inferior ao de 2009, o Bloco só consegue eleger Marisa Matias para o Parlamento Europeu.

Em 2015 nas eleições regionais da Madeira, o Bloco recupera presença no parlamento, ao eleger dois deputados enquanto que nas eleições legislativas o Bloco alcança o melhor resultado de sempre e elege 19 deputados. Com a direita em minoria no parlamento, é assinado o acordo que viabiliza o governo do PS nesta legislatura.

Em 2016 Marisa Matias alcança 10% dos votos e torna-se a mulher mais votada nas eleições presidenciais em Portugal, ultrapassando o resultado de Maria de Lourdes Pintasilgo em 1986.  Nas eleições regionais dos Açores, o Bloco alcança o melhor resultado de sempre, formando pela primeira vez um grupo parlamentar com dois deputados. 

2017 - Nas eleições autárquicas de 2017, o Bloco aumentou a sua representação, alargando-a aos executivos de Lisboa, Amadora, Vila Franca de Xira, Abrantes e Almada. Bloco e PS assinam acordo com 80 pontos, incluindo manuais escolares gratuitos até ao 12º ano e um programa público de renda acessível.

Em 2018 Trabalhadores das pedreiras comemoram com o Bloco a vitória da equiparação do regime de acesso à reforma antecipada ao dos mineiros.

2019, ano de eleições, o Bloco reforça a bancada no Parlamento Europeu, com a eleição de Marisa Matias e José Gusmão. Na Madeira, perde os dois deputados eleitos em 2015. Nas legislativas, elege 19 deputados, mas o PS recusa renovar o acordo político à esquerda, pondo fim à “geringonça”. Ao fim de um ano de duras negociações, é aprovada a nova Lei de Bases da Saúde, baseada no projeto apresentado por António Arnaut e João Semedo, que já não viveram para ver a sua proposta aprovada.

2020 - Eleições regionais dos Açores: Bloco aumenta votação e mantém a bancada de dois deputados conquistada em 2016. | Na discussão sobre o Orçamento de 2021, o Bloco anuncia o voto contra por considerar insuficientes as verbas para responder às necessidades do SNS e da proteção social a quem perdeu o emprego na pandemia.

2021 - Nas eleições presidenciais Marisa Matias volta a ser a candidata apoiada pelo Bloco, obtendo 4% dos votos. Nas eleições autárquicas, o Bloco viu reduzir o número de eleitos, mas alcançou pela primeira vez um lugar na vereação da cidade do Porto.

Finalmente, em 2022, nas eleições convocadas após o chumbo do Orçamento para 2022, o PS obtém maioria absoluta e o Bloco é penalizado com a redução da bancada para cinco deputados.

 

Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 04/03/2020


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