sexta-feira, 8 de abril de 2022

Cristina Ferreira - Crónicas V (08ABR2022)

 



INFLAÇÃO E AS MEDIDAS DE EMERGÊNCIA PROPOSTAS PELO BE

 


O Bloco de Esquerda propõe medidas de emergência para combater a inflação como o controlo de preços na grande distribuição alimentar e nos combustíveis, congelamento das rendas, aumento do salário mínimo para 800€ e atualização dos salários à taxa de inflação são algumas das propostas apresentadas na passada quarta-feira por Catarina Martins.

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, apresentou em conferência de imprensa na sede do partido um conjunto de medidas de emergência para dar resposta ao aumento do custo de vida.

“Estamos a viver um ciclo de aumento abrupto de preços que se iniciou com a retoma da economia no pós-confinamento. As pessoas sentiram-no em Portugal sobretudo a partir do segundo trimestre de 2021 com a abrupta subida do preço dos combustíveis”.

De facto, em dezembro de 2021 a taxa de inflação foi 2,7%, subiu para 3,3% em janeiro de 2022, 4,4% em fevereiro e, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em março de 2022 deverá ter batido os 5,5%, com os combustíveis a aumentarem quase 20% e os alimentos quase 5%.

“Este movimento inflacionista não é inevitável e é, em boa parte, resultante de movimentos especulativos. A promessa de que a liberalização do preço dos combustíveis os tornaria mais baratos, provou-se uma mentira” disse Catarina Martins, acrescentando que “as petrolíferas aumentam os preços dos combustíveis ao ritmo do aumento diário da transação do barril de petróleo, ainda que estejam a vender combustíveis adquiridos há meses e com preços protegidos por contratos longos”.

“Se era preciso uma prova empírica deste movimento especulativo, vejamos que, como todas as pessoas sabem, quando há baixas abruptas dos preços do barril petróleo estes não se refletem no preço dos combustíveis.”

Medidas para controlar os preços dos alimentos pois “Na grande distribuição, o aumento de preços sugere também um movimento especulativo” afirmou Catarina Martins, recordando que o grupo Jerónimo Martins, que detém o Pingo Doce e o Recheio, anunciou um aumento de lucros de 48% em 2021. Por seu turno, a SONAE, proprietária do Continente e do Meu Super, verificou um aumento de 45,6%. Entre os dois, obtiveram mais de mil milhões de euros de lucro em 2021.

Os grupos Auchan, Mercadona e Lidl apresentaram também lucros consideráveis durante a pandemia. Não obstante, estes lucros não se refletem nos preços dos produtos nem nos salários dos trabalhadores. Além disso, recordou, “multiplicam-se as queixas e as condenações por práticas de cartelização de preços na grande distribuição”.

“É fundamental agir para controlar os preços especulativos”, lembrando que “durante a pandemia foi aprovada legislação para possibilitar controlo de preços face à situação de emergência vivida. Também agora, num momento em que a guerra na Europa cria enorme instabilidade, é necessário o controlo de preços, com limitação das margens da grande distribuição alimentar e de combustíveis”.

O Aumentos dos salários é primordial pois o Bloco de Esquerda considera que o controlo de preços não é suficiente para proteger quem vive do seu salário e sente já tanta dificuldade para chegar ao fim do mês. “A cesta básica já aumentou três vezes mais do que os salários. É necessária uma atualização geral dos salários à taxa da inflação”.

O Bloco de Esquerda propõe que, sem prejuízo dos aumentos ou progressões na carreira estabelecidos nos contratos de trabalho, individuais ou coletivos, deve ser estabelecido por lei que todos os salários devem ter um aumento mínimo no valor da inflação. Este aumento deve acontecer, de forma extraordinária, já no final do primeiro semestre de 2022.

O Bloco defende que “o salário mínimo nacional deve ser atualizado imediatamente para os 800€ e as pensões devem também ter uma atualização intercalar que responda à inflação” referiu Catarina Martins.

“Uma economia em que os lucros sobem, mas os salários encolhem, com o salário médio colado ao salário mínimo, e um ciclo de aumento de preços que empobrece a generalidade da população, é o maior perigo que temos que evitar”, afirmou a coordenadora bloquista, acrescentando que “a combinação das medidas de controlo de preços e atualização salarial é a forma de proteger o país e quem vive do seu trabalho”.

O Bloco defende também o congelamento das rendas da habitação bem como que o controlo de preços seja acompanhado de medidas fiscais, como a descida do IVA da eletricidade para a taxa mínima, o fim do adicional do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) e a tributação dos lucros extraordinários do setor energético.

Catarina Martins considera que “o governo erra no programa de estabilidade que apresentou e que não prevê qualquer atualização de salários e pensões” e que “ignora o ciclo de aumento de preços que vivemos”.

A coordenadora bloquista terminou a intervenção afirmando que o Bloco de Esquerda irá bater-se, inclusive no debate sobre o Orçamento de Estado, por estas medidas de emergência de resposta ao aumento do custo de vida.

 

Caixa Alta, Rádio Castrense

Cristina Ferreira, 08/04/2022


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