terça-feira, 15 de outubro de 2019

Legislativas 2019 - Análise pós-eleitoral







Em termos nacionais, nas Eleições Legislativas de 6 de outubro, aparentemente a “geringonça” funcionou mais favoravelmente para o lado do PS. Depois da recuperação económica, aumento do salário mínimo, aumento das pensões, reposição de direitos, etc., seria de esperar e, devido à sua participação ativa nestas melhorias, outros resultados por parte do BE e da CDU. Tal não só não se veio a verificar do lado do BE como assistimos ao “afundar” da CDU.

Se é verdade que o BE manteve os 19 deputados e reafirmou-se como a 3ª força política com assento no parlamento, desceu em termos percentuais e absolutos, ao que parece, devido principalmente ao aumento da abstenção dos eleitores.

A nível distrital, no qual se insere o nosso núcleo concelhio, subimos a percentagem, mas descemos em termos absolutos e neste caso não restam dúvidas de que se deveu à conjugação de dois fatores: ao aumento da abstenção e à diminuição do número de eleitores. Muito embora houvesse subida na percentagem dos votos conseguidos em quase todos os concelhos, em apenas dois o número absoluto de votos acompanhou a subida percentual.

No que concerne ao concelho de Almodôvar o Bloco de Esquerda por, troca com a CDU, estabeleceu-se como 3ª força política e apesar dos 47.45% de abstenção, percentual agravado em quase 5% relativamente a 2015, e do decréscimo de 564 eleitores inscritos de 3726 para 3162, conseguiu não só subir a percentagem como também o numero de votos em termos absolutos.

No distrito, os eleitores de Almodôvar foram, em termos percentuais os que mais votaram no BE, com 11.86%, e das 75 freguesias e uniões de freguesia que compõem o distrito de Beja a do Rosário foi a que obteve a maior percentagem com 14,72% e a de Almodôvar a quarta com 13,4%.

Estes são os resultados do escrutínio, porém uma análise honesta vai muito para além dos percentis e dos votos conseguidos nas urnas. Esta, deve conseguir mostrar os sucessos, mas sobretudo, deve também conseguir identificar causas para o insucesso nos objetivos não conseguidos.

Desde logo, uma evidência do sucesso na aposta da equipa que se propôs à candidatura e que correspondem aos concelhos onde se registaram as percentagens mais altas: Almodôvar, Odemira, Beja, Ferreira do Alentejo e Aljustrel.

Muito embora este sucesso, ficámos aquém da concretização dos outros dois objetivos e que eram a eleição de um deputado, no caso a cabeça de lista Mariana Aiveca, e ultrapassar o PSD no círculo eleitoral de Beja.

Naturalmente, num distrito como o nosso, que elege apenas 3 deputados, a eleição de 1 deputado pelo BE exigiria obter, na presente correlação de forças, um mínimo de 20,4%, o que à partida seria, uma tarefa hercúlea face à já tradicional polarização eleitoral entre PS/PSD/CDU. Houve, talvez, penalização por o aparelho de campanha, comparado com estes partidos, ser de menor dimensão e por esse motivo não ter conseguido passar aos eleitores convenientemente a mensagem eleitoral de fundo. Eventualmente a própria mensagem era pouco apelativa ou diferenciada da dos restantes partidos.

Se por um lado a dedicação e empenho dos candidatos da lista do BE por Beja foi exemplar, por outro e face à percentagem conseguida, o esforço não compensou e cabe a partir de agora repensar a forma de dar voz ao Baixo Alentejo no parlamento através do Bloco de Esquerda. Provavelmente será daqui por 4 anos, já que neste mandato pós-geringonça o PS parece querer governar encostado à direita, com os óbvios prejuízos par todos e todas neste país.






Coautoria: António Guerreio, Filipe M Santos
Almodôvar, 14 de outubro de 2019

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