Assembleia Municipal Descentralizada
Recentemente
realizou-se a Assembleia Municipal de Almodôvar, desta vez descentralizada, na
Aldeia-dos-Fernandes.
A
ideia de Assembleias Municipais descentralizadas é defendida pelo Bloco de
Esquerda há vários anos.
A esse
propósito, e motivado por tal acontecimento, dou-lhes a conhecer a opinião de
António Guerreiro, candidato e deputado neste órgão em eleições anteriores, em
relação a comentários e ações públicas de membros eleitos para a Assembleia
Municipal.
No PS
de Almodôvar vai despontando um rapaz que, fruto da sua ambição talvez venha a “chegar
longe”, e este chegar longe vai entre aspas porque me parece que não é no bom
caminho em termos de defesa da verdade e da transparência que se exige a um
eleito na Assembleia Municipal e líder da Juventude Socialista do Baixo
Alentejo.
Conheço-o
há alguns anos já que foi meu colega de trabalho e durante esse período pude
verificar a sua determinação, a sua vontade de aprender e até cheguei a pensar
que dali se pudesse aproveitar alguma coisa e que fosse de um PS diferente, de
um PS de esquerda mas infelizmente tenho verificado que afinal não passa de
mais do mesmo, senão, e, até fruto dessa ambição, pior do que aquilo a que estávamos
habituados. Nomeadamente no que concerne ao aproveitamento do trabalho dos
outros, aquilo a que eu costumo chamar de parasitismo.
Passo
a explicar:
Devo
confessar que não sou adepto de redes sociais e muito menos do Facebook mas vai
sempre aparecendo alguém que me vai chamando a atenção para algumas coisas que
por lá circulam e vai daí, lá dou uma espreitadela e por vezes deparo-me com
coisas que – como diria algum crente – não lembraria ao diabo.
Em 30
de Setembro de 2019 o nosso amigo colocou um vídeo nesta rede social em que
reclama para o PS os louros da aprovação da lei que consagra o direito de
antecipação da idade da reforma para os trabalhadores das lavarias, quando é
por de mais sabido que pela vontade do antigo ministro do trabalho e da
segurança social, Vieira da Silva, tal nunca teria acontecido, já que os
mineiros nunca lhe mereceram qualquer consideração e que esta lei foi aprovada
a partir de propostas do BE e da CDU na sequência das lutas desenvolvidas pelos
trabalhadores e que não precisava para nada dos votos do PS na medida em que
tanto PSD como CDS as votariam favoravelmente e, então o PS, que estava em
minoria, para não ficar isolado, acabou também por votá-las.
Mais
tarde no WhatsApp colocou, numa clara tentativa de aproveitamento, um outro com
o deputado Pedro do Carmo em que este questiona a ministra do trabalho sobre a
eliminação do factor de sustentabilidade para os trabalhadores das minas que
beneficiam do estatuto de desgaste rápido onde se afirma que teve resposta
favorável. O certo, é que até à presente data, ele continua em vigor. Já se
passaram cinco anos de governo PS que se dizia contra, quando este foi
implementado por Passos Coelho a propósito da crise e da Troika. Também neste
caso o BE tem reivindicado a sua eliminação há quase dez anos e naturalmente
não vai desistir.
Recentemente,
a 28 de Fevereiro realizou-se e muito bem, na sua terra, a Aldeia dos
Fernandes, uma sessão ordinária da Assembleia Municipal e ao que parece, pretende-se
que seja a primeira descentralizada.
Na sua
página no Facebook pode-se ler um texto, em que afirma que existe um
aproveitamento político, por parte do PSD, numa clara tentativa de enganar os
eleitores menos atentos, e que quando estiveram no poder não apresentaram
propostas, que visassem implementar políticas de participação dos cidadãos nos
órgãos autárquicos e que o fazem agora que estão na oposição. Isto, a propósito
da aprovação da realização de Assembleias Municipais descentralizadas. Diz
ainda o Sr. Deputado que a bola está, a partir de agora, do lado dos munícipes.
Não
pretendo defender o PSD, era o que mais faltava, mas devo dizer ao Senhor Deputado
Municipal Luís Martins que, se é verdade que o PSD quando estava no poder nada
fez pela descentralização das Assembleias, o seu partido, nem no poder nem na
oposição.
O BE
foi fundado em 1999 e nas eleições autárquicas de 2001, já tinha no seu
programa para a Assembleia Municipal de Almodôvar a proposta de descentralização
da mesma e nunca deixou de o fazer até ao presente. No mandato de 2009-2013 o
Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia esse ponto à discussão; talvez o Sr
Deputado Luís Martins desconheça qual foi o sentido de voto do seu partido. Informe-se!
Aproveito
ainda para recordar dois episódios:
UM, que
aconteceu no final da Assembleia Municipal em que esse ponto não foi aprovado devido
às votações, quer do PS quer do PSD. A determinada altura um deputado do Partido
Socialista chamou-me e disse-me: “Oh Bia, tu não tás bom, então já viste o que
era irmos fazer uma Assembleia para S. Barnabé? Chegávamos a casa já de
madrugada.”.
Mais
palavras para quê?
Era um
democrata do PS.
O OUTRO,
ainda que muita gente pense que é a primeira vez que se faz uma Assembleia
Municipal descentralizada no concelho de Almodôvar o que é facto é que não é.
Há
muitos anos, talvez mais de trinta, julgo que em Santa Clara, realizou-se a
primeira e única sessão da Assembleia Municipal ordinária descentralizada.
E única
e porquê?
Porque
as pessoas da povoação aderiram de tal forma à sessão, colocaram tantas dúvidas
e apresentaram tantas propostas que aquilo acabou por deixar os eleitos
incomodados, de tal forma que nunca mais repetiram. Portanto se é verdade, Sr.
Deputado Luís Martins que a bola está do lado dos munícipes ela está,
principalmente, do lado dos seus representantes, que foi para isso que foram
eleitos. E não se devem acomodar à sala quente e confortável de sessões nos Paços
do Concelho. Devem ir não só para São Barnabé como, se necessário, ir para a
Várzea de Ourique ou para a Caiada e se tiver que ser na rua, pois que o seja.
Senhor
Deputado Luís Martins, uma boa ideia não deixa de ser boa só porque não fomos
nós a apresentá-la.
É
verdade que esta já vem um pouco atrasada, desde que o BE de Almodôvar a propôs
pela primeira vez já se passaram 19 anos, apesar disso, mais vale tarde que
nunca.
Peço-lhe
que, da sua parte, tudo faça para que não acabe como na primeira vez.
Ah, e
já agora, um pouco de humildade democrática também não lhe ficava nada mal.
Caixa
Alta, Rádio Castrense
Cristina
Ferreira/António Guerreiro, 06-03-2020
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