sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Cristina Ferreira - Crónicas IV (27NOV2020)

 



O (NOVO) FIM DO FATOR DE SUSTENTABILIDADE

 


Nova batalha ganha pelos mineiros, trabalhadores de lavarias e demais trabalhadores de profissões de desgaste rápido: Fim do fator de sustentabilidade para pensionistas dos regimes especiais.

A Proposta de Aditamento ao OE-2021 do PS dita a seguinte alteração no número 1 do Artigo 59.º - A

“Os pensionistas que tenham requerido a sua pensão entre 1 de janeiro de 2019 e 1 de janeiro de 2020 ao abrigo dos regimes de antecipação da idade de acesso à pensão de velhice previstos no artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 70/2020 de 16 de setembro, têm direito ao recálculo da sua pensão no sentido da não-aplicação do fator de sustentabilidade.”

O Decreto-Lei n.º 70/2020 aprovado em setembro, saiu coxo, pois limitava o fim do corte de cerca de 15% apenas nas pensões requeridas a partir de janeiro de 2020. Tal, motivou pedidos de apreciação parlamentar avançados por Bloco de Esquerda e PCP, que propuseram a eliminação do fator de sustentabilidade nas pensões deferidas anteriormente em iguais circunstâncias.

Esta é uma pequena batalha ganha pelos trabalhadores, ao lado de quem o Bloco de Esquerda convictamente se coloca e por ser justa votou favoravelmente a proposta PS no debate de especialidade e que estará impressa no Orçamento de Estado do próximo ano.

Para além desta alteração, o Bloco de Esquerda regista alguns avanços no Orçamento debatido em especialidade, sobretudo na área da proteção social, mas os problemas centrais mantêm-se e fora as peripécias desse debate, o que conta é o seguinte: o que será o ano 2021 para o nosso povo?

Este é um orçamento com falhas em várias vertentes:

No emprego – quando gasta dinheiro nos apoios públicos que não significam emprego e, pelo contrário, permite financiar a continuidade de despedimentos fáceis e baratos;

Na saúde – quando desconsidera a fragilidade do SNS e insiste numa estratégia de improviso feita com cada vez menos médicos que, muitos deles, à falta de um regime de exclusividade, saltam para o privado;

Na Proteção Social – que insiste em manter de fora, em 2021 quem em 2020 precisava e foi excluído;

No investimento público – quando ignora o investimento estrutural no momento em que é mais preciso;

Na economia – quando não sabe o que fazer com a Banca e dá garantia incondicional do Estado, ou seja, de todos nós, aos negócios ruinosos que a banca entenda fazer. O Novo Banco é um deles, ao lado de outros como a carteira Viriato, Nata 1 e 2, Sertorius, Albatros, GNB Vida e Bes Vénetie que nesta legislatura custaram aos cidadãos e cidadãs mais de 4.000 milhões de euros que se juntam aos 4,9 mil milhões pagos no governo PSD/CDS.

Na resposta à crise pandémica Portugal, em 2020, foi um dos países que menos gastou e fruto de uma política “das margens” ou dos “mínimos” tragicamente acabou sendo um dos países mais afetados pela crise. O OE-2021 dá continuidade a essa estratégia orçamental e demonstra como o governo e PS – imbuídos de maneirismos absolutistas; desertados da esquerda sejam incapazes de soluções que deem uma resposta consistente à crise.

O Orçamento de Estado para 2021, foi chumbado pelos bloquistas na votação global porque, um orçamento de continuidade, tal como é assumido pelo sr. Primeiro Ministro, não é definitivamente a resposta mais adequada para um país em crise. Este é um orçamento que já está desatualizado. Portugal e sobretudo os cidadãos deste país precisam de mais, muito mais. Precisa de garantir a segurança das suas políticas sociais e da sua saúde pública. Precisa de rigor nos impostos e respeito pelo trabalho de todos e todas.

 

Caixa Alta, Rádio Castrense

Filipe M Santos / Cristina Ferreira, 27/11/2020

 

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